Atores prontos para iniciar greve que pode parar Hollywood
Hollywood, que já sofre uma paralisação dos roteiristas há nove semanas, se prepara para o impacto da ação aprovada pelo sindicato que representa cerca de 160.000 artistas, desde celebridades até figurantes
Os atores de Hollywood estão prontos para entrar em greve à meia-noite desta sexta-feira (30), devido ao impasse nas negociações com os estúdios, uma ação que pode paralisar quase completamente a glamorosa cidade.
As conversas entre o Sindicato dos Atores (SAG-AFTRA) e plataformas como Netflix e Disney continuam emperradas à medida que o prazo final para um acordo se aproxima à meia-noite desta sexta-feira (04h00 de sábado em Brasília).
Hollywood, que já sofre uma paralisação dos roteiristas há nove semanas, se prepara para o impacto da ação aprovada pelo sindicato que representa cerca de 160.000 artistas, desde celebridades até figurantes.
Se as partes se levantarem da mesa, será a primeira vez que roteiristas e atores de Hollywood entram em greve simultaneamente desde 1960, quando o ator - e futuro presidente dos Estados Unidos - Ronald Reagan liderou uma paralisação que eventualmente forçou os estúdios a ceder.
"Estamos em um ponto de virada", disse Jonathan Handle, advogado da indústria do entretenimento, à AFP.
Para ele, no entanto, há uma alta probabilidade de as partes concordarem em prorrogar as negociações por uma semana devido ao que está em jogo e à celebração do feriado de 4 de julho nos Estados Unidos.
A publicação Variety afirmou nesta sexta-feira que este é o cenário mais provável.
Mas a greve é iminente, disse Handle.
"Realmente há muita pressão sobre o sindicato para não ceder".
- "Transformador" -
Centenas de estrelas de Hollywood, incluindo Meryl Streep e Jennifer Lawrence, assinaram uma carta divulgada nesta semana pedindo ao sindicato um acordo "transformador".
Jorome Melendez, um ator de 59 anos, apontou que as mudanças nos modelos de consumo com a chegada do streaming justificam as demandas dos artistas.
"O streaming substituiu as redes de televisão", disse ele.
"Este contrato é redigido de tal forma que você não obtém os mesmos benefícios que as pessoas que estavam em 'Seinfeld' e todos esses grandes programas de televisão".
As negociações buscam melhorias salariais e a redefinição do pagamento de compensações residuais para se adequarem às mudanças na indústria.
As compensações residuais são os rendimentos que os artistas recebem cada vez que o conteúdo em que eles participaram é retransmitido, mas esses rendimentos diminuíram uma vez que as plataformas de streaming não revelam suas estatísticas de visualização.
Também estão em discussão as audições virtuais que se multiplicaram durante a pandemia, as quais impõem um peso logístico sobre os atores, privando-os também do feedback dos diretores, além da expansão da inteligência artificial na indústria.
"Eles poderiam usar sua imagem e fazer você dizer coisas que você não diria, ou envolvê-lo em um projeto do qual você não quer fazer parte. Temos que garantir que isso não aconteça", disse Kim Donovan, uma atriz de 52 anos.
A greve dos roteiristas reduziu drasticamente o número de filmes e programas em produção, mas uma ação dos atores poderia praticamente paralisar tudo.
Alguns programas de reality show e entrevistas podem continuar, mas eventos como o Emmy Awards, programado para 18 de setembro, correriam risco.
Séries populares que deveriam retornar à televisão no terceiro trimestre do ano seriam adiadas, assim como as filmagens de filmes ou a promoção dos sucessos de bilheteria do verão.