Goleiro reserva pega pênaltis e leva Holanda à semifinal

O camisa 23, Tim Krul, defendeu as cobranças de Bryan Ruiz e Umaña

sab, 05/07/2014 - 18:18

Acabou a Copa do Mundo para a Costa Rica. Assim como acabou para a Arena Fonte Nova. Ambos encerram a participação no Brasil com sentimento de orgulho. Os costarriquenhos fizeram história e quase avançaram à semifinal. Ficaram no quase. Após empatar por 0 a 0 contra a Holanda, viram um novo goleiro ganhar status de herói: Tim Krul. O camisa 23 holandês pegou os pênaltis de Bryan Ruiz e Umaña e colocou a Laranja Mecânica na semifinal. 

“Eles são os favoritos, nós somos os melhores”. A frase estava escrita em uma cartolina com letras pretas e azuis. Erguida por um costarriquenho no meio do laranja holandês. Esse era o sentimento dos torcedores da Costa Rica, como foi durante todo Mundial, jogo a jogo: contra Uruguai, Itália, Inglaterra e Grécia.

“Vamos, vamos, Ticos. Esta noite temos que ganhar”, no meio do repertório costarriquenho, essa era a canção mais repetida. Cantada por centenas, que soaram como milhares. Mas foi a Holanda quem atacou. Durante todo o primeiro tempo, só a Laranja atacou.

Se há algo de mecânico na Holanda é a reposta da torcida quando a bola encontra a perna esquerda de Robben. Silenciosa, a massa laranja tremeu a cada toque da canhota do camisa 11 holandês, que encontrou Kuyt aos 20 minutos.

O ala direito cruzou rasteiro para Depay na entrada da área, o atacante rolou para Van Persie soltar o pé. Navas espalmou, mas o rebote ficou com Sneijder, que dominou, ajeitou para a perna direita e bateu. O costarriquenho fez a defesa em dois tempos.

“Olê, olê, olê, olê. Ticos! Ticos!” (Com a licença literária para o comentário em primeira pessoa) - a torcida da Costa Rica é única masoquista que tenho visto desde que nasci. Quanto mais a Holanda atacou, mas os costarriquenhos cantaram em resposta. Aos 28, após falta de Diaz em Robben, Sneijder cobrou sobre a barreira no ângulo esquerdo e só ficou olhando Navas fazer milagre e mandar para a linha de fundo.

“Olê, olê, olê, Neymar, Neymar.” Foi a única vez que a maioria brasileira cantou. Uma homenagem em apoio ao camisa 10 brasileiro que só assistirá restante dos jogos... E a Holanda ataca. Tal qual um carpinteiro crava um prego em uma madeira: a marteladas.

Aos 35 minutos do segundo tempo, Sneijder cobrou falta e acertou a trave esquerda. Robben até tentou aproveitar o rebote, mas a zaga da Costa Rica cortou. A última chance do tempo regulamentar foi no minuto final. Quando o árbitro puxou fôlego para apitar a sequência à prorrogação, Blind cruzou rasteiro, a bola atravessou toda a área e chegou a Van Persie. O centroavante holandês bateu como pode, não como quis. E Navas defendeu.

“Sim, podemos. Sim, podemos.” Os costarriquenhos afirmavam e reafirmavam o 'si, se puede', enquanto os jogadores tomavam água e se preparavam para a prorrogação. A Holanda insistia. Sneijder cobrou escanteio, Navas saiu errado para socar a bola e, na bagunça, bateu em Gonzalez e quase foi entrou no gol. Acosta ainda tentou tirar de bicicleta e furou – lembrou o lateral esquerdo brasileiro Roberto Carlos, em jogo contra a Dinamarca, em 1998.

A resposta de A Costa Rica chegou a criar algumas jogadas, mas não conseguia finalizar a gol. O chute a gol foi dado por Bolaños no fim do segundo tempo da prorrogação. Foi quando o goleiro holandês Cilessen pôde provar suas qualidades até porque não ficou muito mais tempo em campo. Antes mesmo do jogo ir para os pênaltis, Sneijder chutou de pé direito com força e efeito e a bola acertou o travessão. O poste tremeu tanto quanto os costarriquenhos. A última cartada do técnico Louis van Gaal foi tirar Cillessen e apostar em Tim Krul para as penalidades. Goleiro de 26 anos, do Newcastle, da Inglaterra, conhecido como defensor de cobranças: como foi na Eurocopa sub-21 de 2011 e contra o Chelsea, em 2012.

Borges mandou no canto direito rasteiro e marcou o primeiro. Van Persie mandou no mesmo lado e também converteu. Bryan Ruiz tentou no mesmo local e Tim Krul pegou. Robben mandou no ângulo esquerdo e marcou: 2 a 1. Sneijder e Bolaños acertaram. Assim como Kuyt. Mas não como Umaña. o defensor tentou o canto direito e Krul espalmou para fora com a mão esquerda. Foi quando os holandeses gritaram, pularam, vibraram a classificação à semifinal, contra a Argentina.

Assim foram os holandeses, silenciosos e fatais. Como é o frio técnico Louis van Gaal. A Holanda está novamente na semifinal após um adeus sem gols à Arena Fonte Nova, onde estreou marcando cinco vezes sobre a Espanha.

FICHA DE JOGO

HOLANDA 0 (4)

Cillessen; De Vrij, Vlaar e Martins Indi (Huntelaar); Kuyt, Wijnaldum, Sneijder e Blind; Robben, Van Persie e Depay (Lens). Técnico: Louis van Gaal

COSTA RICA 0 (3)

Navas; Acosta, Gonzalez e Umaña; Gamboa (Myrie), Tejeda (Cubero), Borges e Diaz; Bryan Ruiz, Joel Campbell (Marcos Ureña) e Bolanõs. Técnico: Jorge Luis Pinto

Local: Arena Fonte Nova (Salvador)

Arbitragem: Ravshan Irmatov (Uzbequistão) 

Assistentes: Abdukhamidullo (Uzbequistão) e Bakhadyr Kochkarov (Quirguistão)

Pênaltis: Van Persie (gol), Robben (gol), Sneijder (gol), Kuyt (gol) - Holanda; Borges (gol), Bryan Ruiz (defendido), Gonzalez (gol), Bolaños (gol), Umana (defendido) - Costa RicaCartões amarelos: Martins Indi e Huntelaar (Holanda); Umaña, Gonzalez e Acosta (Costa Rica).

Público: 51.179

COMENTÁRIOS dos leitores