Em decisão inédita, Comitê de Ética da Fifa afasta Blatter

Organização suspendeu seu presidente, o secretário-geral Jérôme Valcke e os candidatos a presidente da Fifa Michel Platini e Chung Mong-Joon

qui, 08/10/2015 - 09:30
THEMBA HADEBE/Arquivo/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO THEMBA HADEBE/Arquivo/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Em uma decisão sem precedentes, a Fifa suspendeu seu presidente, Joseph Blatter, o secretário-geral Jérôme Valcke, além dos candidatos ao comando da organização, Michel Platini e Chung Mong-Joon. No caso de Blatter, Platini, que também preside a Uefa, e Valcke, o afastamento será por 90 dias e poderá ainda ser renovado por outros 45. Já Chung ficará seis anos fora do futebol.

A suspensão do reinado de 17 anos de Blatter deixa a entidade em uma crise ainda mais profunda. A Fifa já viu seu secretário-geral, Jérôme Valcke, afastado e está diante de uma debandada de patrocinadores e ainda tem diversos de seus dirigentes presos na Suíça e nos Estados Unidos. O afastamento de Blatter é mais um ato de uma crise que começou em maio, quando o FBI pediu a prisão de cartolas, entre eles José Maria Marin, ex-presidente da CBF.

Blatter é suspeito de ter cometido crimes financeiros, de acordo com o Ministério Público da Suíça, e pode pegar até dez anos de prisão. O Comitê de Ética da Fifa avaliou que, se nestes três meses Blatter for inocentado pela Justiça, a suspensão será encerrada. Enquanto isso, a entidade seria comandada por Issa Hayatou, presidente da Confederação Africana de Futebol desde os anos 1980 e um aliado incondicional de Blatter.

A decisão, porém, foi cercada de polêmica. O processo era para ter sido mantido em sigilo. Mas uma pessoa próxima ao presidente, Klaus Stoehlker, acabou vazando informações para a imprensa. Enquanto nem a Fifa nem os advogados de Blatter comentavam as notícias já publicadas, uma segunda fonte negou que o suíço já tivesse sido suspenso e garantiu que ele continuava no poder. Nesta quinta, o afastamento foi confirmado.

Em entrevista a jornais alemães, Blatter garantiu que não vai deixar o cargo antes das eleições de 26 de fevereiro de 2016. "Me condenam de antemão, sem que existam provas contra mim de algum tipo de ação incorreta", disse Blatter. "Estou sendo condenado sem haver qualquer evidência de que tenha feito algo errado. Isso é ultrajante".

Blatter já não conta com o apoio dos patrocinadores e tem sido pressionado a abandonar imediatamente o cargo. "Eu sairei em 26 de fevereiro. Depois terá terminado. Mas não acontecerá nem um dia antes. Vou lutar até 26 de fevereiro. Por mim, pela Fifa. Estou convencido de que no mal aparecerá a luz e que o bem vai prevalecer", disse.

PLATINI - Mas a punição também afeta seus principais inimigos. Platini, que recebeu 2 milhões de francos suíços da Fifa e também foi interrogado pela polícia, foi suspenso por 90 dias, o que na prática o tira da corrida pela presidência da entidade. Chung, com seis anos de afastamento e multa de US$ 100 mil, é acusado de tentar comprar votos para que a Coreia do Sul fosse escolhida para sediar a Copa de 2022. Também não vai concorrer às eleições em fevereiro.

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