Blatter revela que esteve perto da morte
Em sua primeira aparição pública desde que foi hospitalizado no início do mês, Joseph Blatter revelou a um canal de TV suíço que esteve perto da morte. O presidente da Fifa, que cumpre suspensão provisória de 90 dias, passou seis dias internado no hospital de Zurique por conta de um mal-estar, causado por estresse.
"Eu estava entre anjos que cantavam e demônios que incendeiam. Mas foram os anjos que cantaram. Eu estive muito perto [da morte]. A pressão era enorme", disse o suíço ao canal RTS, em um trecho da entrevista divulgada nesta segunda - será transmitida na íntegra somente na quarta-feira.
Neste trecho, Blatter não revelou as causas da sua internação. Mas indica que o mal-estar foi causado pelo estresse relacionado às denúncias de corrupção na cúpula da Fifa. A sequência de escândalos teve início no fim de maio, com a prisão de sete cartola da entidade, incluindo o ex-presidente da CBF José Maria Marin.
Prisões e extradições aos Estados Unidos se seguiram nos meses seguintes, contudo, sem atingir Blatter. Até que a Procuradoria-Geral da Suíça iniciou investigação criminal contra o presidente da Fifa, no fim de setembro, em razão de suspeita de apropriação indébita e má gestão. Pelas denúncias, ele poderá ser condenado a até dez anos de prisão.
Em seguida, Blatter virou alvo de nova investigação por causa do pagamento de 2 milhões de francos suíços (cerca de R$ 7 milhões) ao francês Michel Platini em 2011. O valor, segundo os dois dirigentes, se referia a serviços prestados por Platini à Fifa entre os anos de 1998 e 2002. Os dois foram suspensos por 90 dias pelo Comitê de Ética da entidade.
Diante destas denúncias, Blatter admitiu na entrevista ao canal suíço que se arrepende de não ter se aposentado ao fim da Copa do Mundo do Brasil, disputada no ano passado. "Eu me arrependo de não ter dito a mim mesmo: 'Blatter, você já alcançou o topo, você fez muitas coisas boas, você não pode fazer mais, você deve parar'", declarou.
O futuro de Blatter na Fifa deve ser decidido nas próximas semanas. No sábado, o Comitê de Ética anunciou que encerrara suas investigações. E cobrou punições tanto ao suíço quanto a Platini, embora não tenha divulgado detalhes do caso. Uma eventual punição acabaria com qualquer chance de o francês disputar as eleições presidenciais convocadas para o dia 26 de fevereiro do próximo ano.