Clubes vendem muito e ganham pouco com jogadores
No total, mais de 1,9 mil jogadores brasileiros atuam pelo mundo. Mas muitos deles saem com preços baixos ao exterior e apenas registram um salto em seu valor numa eventual segunda transferência, que ocorre normalmente entre clubes do continente europeu
O Brasil é o maior exportador do mundo de jogadores de futebol. Mas os clubes nacionais que formam os craques e os colocam no mercado ganham apenas uma pequena fração dos recursos que circulam pelo planeta. Dados compilados pelo prestigioso Centro Internacional de Estudos do Esporte apontam que apenas dois clubes brasileiros, Santos e São Paulo, fazem parte do grupo que, nesta década, mais lucrou com a venda de atletas.
Ainda assim, eles estão bem distantes daqueles clubes que encheram os cofres com negociações. O Santos aparece na 42ª posição, com vendas de 147 milhões de euros (cerca de R$ 538 milhões), e o São Paulo na 50ª, com 108 milhões de euros (R$ 395,2 milhões). Os valores incluem vendas como as de Neymar, do Santos para o Barcelona, e de Lucas, que o São Paulo negociou com o Paris Saint-Germain.
Mas, mesmo assim, os números estão muito abaixo dos lucros obtidos pelo times europeus, muitos dos quais sequer formam jogadores. O Liverpool, que lidera o ranking, obteve desde 2010 uma renda de 442 milhões de euros (R$ 1,617 bilhão) com a venda de atletas, contra 432 milhões de euros (R$ 1,581 bilhão) ganhos pelo Valencia e 415 milhões de euros (R$ 1,519 bilhão) de renda obtida pela Juventus de Turim.
Entre os 100 clubes que mais tiveram renda com a venda de jogadores, o Internacional de Porto Alegre aparece na 71ª posição, com 72 milhões de euros (R$ 263,5 milhões), valor equivalente ao do modesto time holandês do Twente. O Corinthians, com vendas de 71 milhões de euros (R$ 259,8 milhões), vem logo atrás, na 73ª posição.
Dois outros times brasileiros ainda aparecem na lista dos cem que mais ganharam dinheiro com negociações: o Palmeiras, na 92ª posição com 52 milhões de euros (R$ 190,3 milhões) em renda desde 2010, e o Fluminense, na 97ª, com 50 milhões de euros (R$ 183 milhões) em vendas.
No total, mais de 1,9 mil jogadores brasileiros atuam pelo mundo. Mas muitos deles saem com preços baixos ao exterior e apenas registram um salto em seu valor numa eventual segunda transferência, que ocorre normalmente entre clubes do continente europeu.
RECORDE - A atual década, segundo os especialistas do centro com sede na Suíça, tem sido marcada por um movimento de dinheiro jamais visto no mercado de jogadores. Entre 2010 e 2016, um total de 19,4 bilhões de euros (R$ 71 bilhões) já foram gastos por clubes para reforçar seus elencos. O Brasil, de acordo com o levantamento, ficou apenas com uma fração disso, apesar de ser o maior fornecedor de jogadores ao mundo.
Do total gasto pelos europeus na compra de jogadores, quase tudo fica na Europa. Apenas 7% dos recursos destinados a reforçar equipes acabaram nos cofres de clubes de fora do continente europeu, entre eles os brasileiros e argentinos.
Em alguns dos casos, o investimento superou todos os patamares já conhecidos no fluxo de recursos. O Manchester City, sozinho, destinou 1 bilhão de euros (R$ 3,66 bilhões) na compra de jogadores entre 2010 e 2016, contra 877 milhões de euros (R$ 3,2 bilhões) investidos pelo Chelsea e 841 milhões de euros (R$ 3,07 bilhões do Manchester United. O Paris Saint Germain aparece na quarta posição, seguido pelo Barcelona, com gastos de 680 milhões de euros (R$ 2,48 milhões).
Entre os países, a liderança é da Inglaterra. Em seis anos, foram gastos 7,5 bilhões de euros (R$ 27,4 bilhões). O segundo maior gasto nesta década veio da Itália, com um total investido de 4,3 bilhões de euros (R$ 15,7 bilhões) entre 2010 e 2016. Na Espanha, foram 3,1 bilhões de euros (R$ 11,3 bilhões) gastos neste período.