Gabriel Medina cria instituto para lapidar talentos

As obras em Maresias, no litoral paulista, estão na reta final e as atividades devem começar em fevereiro

seg, 21/11/2016 - 07:10
Márcio Fernandes/Estadão Conteúdo/Arquivo Márcio Fernandes/Estadão Conteúdo/Arquivo

O surfista Gabriel Medina não vê a hora de o instituto que leva seu nome ficar pronto. As obras em Maresias, no litoral paulista, estão na reta final e as atividades devem começar em fevereiro. "Na verdade, achei que iria demorar mais. Era um sonho para mim e minha família, não esperávamos que fosse tão rápido. Consegui realizar com tão pouca idade, me sinto orgulhoso. O instituto já está quase saindo, é uma realidade e já consigo imaginar como vai ficar. Vai ser superlegal", afirma, radiante.

Ele está investindo cerca de R$ 3 milhões em recursos próprios e contará com patrocinadores e apoiadores para fazer com que o espaço funcione. Ao todo serão 60 adolescentes, entre meninos e meninas, que terão aulas de surfe, natação e preparação física, além de aulas de inglês, palestras socioeducativas e ações que envolverão as famílias. Também terão atendimento médico e precisam comprovar frequências nas aulas de suas escolas e boas notas. As atividades serão realizadas de segunda a sexta, nos períodos matutino e vespertino, sempre no contraturno escolar.

"Foi bastante trabalho investido ali, dinheiro, mas é um negócio que vale à pena. Eu e minha família já gostávamos de ajudar esses moleques", diz Medina. "Quando tinha uma prancha usada, uma roupa usada, eu doava, tentava ajudar ao máximo. O instituto será muito bom. Vamos continuar podendo ajudar, só que agora com uma estrutura melhor. Então não tem dinheiro ou tempo melhores investidos."

Gabriel visitou outros projetos parecidos, como o do atacante Neymar e o do ex-tenista Gustavo Kuerten. Mas a grande diferença é que ele pretende ajudar os atletas a chegarem no profissionalismo. "Não é só social, é alto rendimento também. Foi o que meu pai quis fazer. No Brasil, temos muitos atletas com grande potencial não aproveitado, até porque não têm uma oportunidade. Meu pai quis fazer isso para não perder esses talentos que às vezes não são descobertos. Vou ajudar bastante gente."

O surfista, campeão mundial em 2014 e tido como um dos maiores talentos da modalidade, conta que não teve uma oportunidade como essa quando era mais novo. "Se eu tivesse essa estrutura toda naquela época lá atrás, com certeza iria me ajudar. Na verdade, o jeito que a gente chegou até aqui, eu e meu pai, foi se virando. A gente via as coisas na internet, ouvia falar, tentava se adaptar a um treino ou outro. A verdade é que foi muita força de vontade, de estar ali todo dia na água me esforçando e procurando evoluir."

O instituto está sendo construído em um terreno à beira-mar em Maresias e contará com auditório, academia, piscina semiolímpica ao ar livre, cama elástica (usada para aperfeiçoar manobras), refeitório, sala médica, espaço para reuniões, um palanque fixo e laboratório de informática, graças a um patrocínio da Microsoft pela Lei de Incentivo ao Esporte, que permite a captação em empresas interessadas em destinar até 1% do seu Imposto de Renda devido. A Samsung, o Guaraná Antarctica e a Vult Coméstica, entre outros, vão ajudar desta maneira.

Também haverá patrocinadores fixos, que decidiram investir no local. A Coppertone, por exemplo, vai doar R$ 1 de cada protetor solar da marca vendido para o instituto. "A gente acredita que o Brasil tem de ser mais justo para todos. Temos uma ótima relação com o Gabriel, com sua família, e o surfe tem a ver com o estilo de vida que nossa marca propõe. Ele é um garoto fantástico e tirou dinheiro do bolso para levantar esse instituto", afirmou Giancarlo Fumagalli Guarnieri, gerente da marca, lembrando ainda que existe a possibilidade de ampliar o projeto para outras localidades.

Medina tem noção de que nem todos vão chegar longe como ele. Mesmo assim quer mostrar o caminho e dar quantos empurrões forem precisos. "A nossa intenção é ter bons atletas ali. Se realmente quiser ser surfista, tomara que chegue ao CT, seja o melhor, espero um dia realizar esse sonho que é competir com alguém que venha do meu instituto. Seria uma honra."

Para ele, a concretização desse sonho que é ter seu próprio projeto social vale quase como um título mundial de surfe. "Queremos transformar esses jovens em boas pessoas, com boa educação, mesmo que não se tornem sufistas. O mais legal é que minha família está envolvida, então vai ser um instituto carinhoso. Será especial. Não vai ser qualquer instituto."

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