#JogaMiga incentiva mulheres a começar no futebol
Projeto é organizado por mulheres que não conseguiam encontrar lugares para 'bater uma bolinha' aos finais de semana
Apreciadores do esporte mais praticado por homens no planeta têm muito o que aprender quando o assunto é a inclusão das mulheres no futebol. A Copa do Mundo feminina, disputada na França e que consagrou a seleção dos Estados Unidos no último dia 7, por exemplo, comprova com dados que o espaço delas vem crescendo de modo satisfatório. A FIFA, organizadora do torneio, divulgou números recordes de audiência. Para se ter uma ideia, no Brasil, a partida entre Holanda x Estados Unidos válida pela final do mundial foi vista por mais de 20 milhões de pessoas.
Para incentivar ainda mais a prática da modalidade, muitas iniciativas vêm dando certo. É o caso do projeto #JogaMiga, organizado por mulheres que não conseguiam encontrar lugares para "bater uma bolinha" aos finais de semana. O que era apenas um encontro de futebolistas passou a ser estruturado para incluir mais mulheres no futebol com treinos técnicos, táticos e físicos. "Como muitas mulheres não aprenderam a jogar na fase escolar, a ideia do #JogaMiga é ser sem fins lucrativos, ser inclusivo e, principalmente, para quem nunca jogou ter um espaço para aprender", conta uma das idealizadoras do projeto Nayara Perone.
Mesmo com os encontros acontecendo desde 2015, Nayara ressalta que o #JogaMiga ganhou mais suporte em 2017 com a participação de profissionais da área que acreditaram na ideia e se dedicaram ao projeto. "Hoje temos mais de um técnico, mas o primeiro foi o Denis Ferreira, que já treinava um dos nossos times, o MigaFC. Ele abraçou o projeto quando passamos a receber muita gente para treinar", lembra.
Deu tão certo que o treino que começou com uma turma, hoje, já tem seis e com uma média de 20 atletas por aula. No #JogaMiga, todas se condicionam, mas o importante é não deixar o ambiente competitivo demais. "As meninas querem ganhar, mas não permitimos que a derrota venha colocar para baixo o time que perdeu. Esse trabalho é importante para que todas possam participar dos treinamentos", explica Nayara.
Projeto está estruturado para incluir mais mulheres no futebol com treinos técnicos, táticos e físicos | Foto: Acervo Pessoal
O #JogaMiga também criou um mapa, disponível no site jogamiga.com.br, que permite o cadastro de times de futebol feminino de todas as categorias e de qualquer lugar do Brasil. A ideia é que essas equipes se aproximem para disputar partidas e criar vínculos, como já é feito em São Paulo.
A auxiliar administrativa Brenda Botelho, 23 anos, é uma das jogadoras do projeto. Carioca, ela mora em São Paulo há seis anos sempre foi apaixonada por futebol, tanto que chegou a cogitar a possibilidade de participar de uma peneira do Vasco da Gama. "Jogava com os meninos no local em que minha mãe trabalhava e consegui peneira no Vasco por meio da Meg [ex-goleira da seleção], mas meu pai não me deixou ir."
Vascaína de coração, Brenda conta que ficou dez anos sem jogar e que voltou às atividades graças ao #Jogamiga. "O clima de lá é maravilhoso, fiz amigas de verdade. Depois de tanto tempo parada, começar do zero foi a melhor coisa, pois lá temos treinos físicos, táticos, coletivo e, na maioria das vezes, churrasco depois", diverte-se a jogadora.
A história delas no futebol brasileiro
De 1941 até 1979, o Brasil proibia, por lei, a prática do futebol por mulheres. Muitas delas se reuniam de maneira clandestina para praticar o esporte mas, por diversas vezes, o jogo era paralisado e as atletas eram levadas para a delegacia.
Essa e outras histórias sobre a inclusão delas no esporte são o tema da Exposição "Contra-Ataque! As Mulheres do Futebol", que está no Museu do Futebol, no Pacaembu, em São Paulo, até o dia 20 de outubro.
Serviço
Exposição Contra-Ataque! As Mulheres do Futebol
Quando: até 20 de outubro - de terça a domingo, das 9h até 17h
Onde: Museu do Futebol - Praça Charles Miller, s/nº, Pacaembu, São Paulo - SP
Ingressos: R$ 15 (inteira), R$ 7,50 (meia); às terças-feiras a visitação é gratuita
Informações: contraataque.museudofutebol.org.br