Lukaku cobra dirigentes e atletas contra casos de racismo
Jogador foi vítima de insultos por parte dos torcedores do Cagliari, no último domingo
Vítima de racismo por parte dos torcedores do Cagliari após marcar, cobrando um pênalti, o gol que garantiu a vitória da Inter de Milão, por 2 a 1, no último domingo, pelo Campeonato Italiano, o atacante Romelu Lukaku se manifestou publicamente nesta segunda-feira para cobrar ações dos dirigentes no combate a este tipo de problema e também aproveitou para pedir para outros jogadores "unirem-se e tomar posição" para ajudar a coibir esta prática condenável dentro do futebol.
O jogador belga, de cor negra, fez o gol do triunfo sobre o Cagliari aos 27 minutos do segundo tempo do confronto de domingo e ouviu alguns torcedores da equipe da casa imitarem sons de macaco para provocá-lo e insultá-lo. O resultado assegurado pelo artilheiro fez com que a Inter fechasse a segunda rodada da competição nacional na liderança, com seis pontos, mesma pontuação de Torino e Juventus, respectivamente vice-líder e terceira colocada pelos critérios de desempate.
Nesta segunda-feira, Lukaku usou a sua página na rede social Instagram para condenar os atos racistas contra ele e para destacar que espera que "as federações de futebol reajam fortemente a todos os casos de discriminação". E enfatizou que ele e outros atletas "vêm dizendo isso há anos e nada foi feito" para combater de forma eficiente o racismo nas principais competições de futebol do mundo.
"Senhoras e senhores, estamos em 2019 e, em vez de avançarmos (contra o problema), estamos andando para trás", escreveu o jogador da seleção belga, que passou a defender a Inter de Milão a partir desta temporada europeia depois de ter atuado pelo Manchester United nas duas anteriores.
"Penso que como jogadores devemos estar unidos e tomar posição frente a este problema com o objetivo de conservar este esporte limpo e agradável para todos", ressaltou Lukaku, lembrando também que os casos de racismo estão ocorrendo com frequência no futebol. "Vários jogadores sofreram abusos racistas neste último mês (de agosto). Foi o meu caso ontem. O futebol é um jogo em que todo mundo deve desfrutar e não devemos aceitar nenhuma forma de discriminação susceptível de envergonhar o nosso esporte", completou.
Um dos vice-artilheiros da Copa do Mundo de 2018, com quatro gols marcados, Lukaku também pediu aos clubes e os administradores de redes sociais que saibam usar as suas ferramentas na internet para combater o racismo. "As plataformas de mídia social também devem trabalhar mais, com os clubes, porque todos os dias há pelo menos um comentário racista em relação a uma pessoa de cor", opinou.
Antes do astro belga, o atacante italiano Moise Kean, hoje jogador do Everton, foi vítima de racismo praticado por torcedores do Cagliari quando atuava pela Juventus na temporada passada. O mesmo ocorreu com o volante francês Blaise Matuidi, atleta da equipe de Turim, um ano antes.
No último domingo, quando ouviu gritos que imitavam sons de macacos após marcar o gol da vitória da Inter, Lukaku olhou com raiva para o setor de onde ele constatou que partiram os cânticos racistas antes de ser cercado pelos seus companheiros de time durante a sua comemoração.
Apesar do problema, o partida continuou sendo disputada normalmente e não foi interrompida em nenhum momento pelo árbitro. E este foi apenas mais um dos episódios de discriminação registrados recentemente em torneios europeus. No mês passado, o francês Paul Pogba, do Manchester United, foi alvo de gritos racistas da torcida do seu próprio time após desperdiçar um pênalti em partida contra o Wolverhampton.
Os atacantes Marcus Rashford, também do United, e Tammy Abraham, do Chelsea, foram alvos de insultos da mesma natureza nesta temporada europeia. O defensor francês Kurt Zouma, de cor negra da mesma forma, foi outro a ser vítima de manifestações racistas.