Corpus Christi: fiéis montam 1,5 km de tapetes na Baixada

O desabastecimento provocado pela paralisação dos caminhoneiros fez com que os religiosos abrissem mão do sal grosso e priorizaram outros materiais, como areia e serragem

por Mellyna Reis qui, 31/05/2018 - 18:21
Mellyna Reis/LeiaJáImagens Tapetes começaram a ser montados por volta das 6h Mellyna Reis/LeiaJáImagens

RIO DE JANEIRO - A região central de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, recebeu nesta quinta-feira (31) a montagem dos tapetes de Corpus Christi, feriado estadual. A agitação do comércio e o trânsito congestionado habituais cederam espaço para que católicos de diversos bairros confeccionassem cerca de 70 peças religiosas, mantendo uma tradição que perdura desde os tempos da colonização. 

Os tapetes foram confeccionados ao longo de 1,5 km da Avenida Marechal Floriano Peixoto, uma das principais da cidade, o que levou a Prefeitura de Nova Iguaçu a interditar o trecho entre as ruas Dom Walmor e a Doutor Luiz Guimarães desde as 6h. A montagem foi feita por integrantes de pastorais e comunidades católicas ligados a cinco igrejas do centro.   

"Ver todo esse povo no feriado, numa rua que tem tanto trânsito e hoje só pessoas construindo para que depois Jesus passe por cima desses tapetes, é algo muito significativo, porque é a nossa fé", comemorou Nircinéia Martins, que trabalha com fotografia e designer.

A paralisação dos caminhoneiros também afetou o ritual. O padre João Paulo de Almeida, vigário da Catedral de Santo Antônio, conta que o material mais utilizado, o sal grosso, teve de ser substituído. "Esse ano, com a crise, a gente priorizou não gastar muito com sal e essas coisas, até porque a gente está vendo aí a situação do nosso povo que passa tanta dificuldade", ressaltou. 

Os organizadores tiveram de aguçar a criatividade para planejar desenhos com serragem, cal, pó de café, areia lavada e outros materiais. "O dinheiro que nós investiríamos no sal grosso, que está muito caro, nós optamos por ajudar outras pessoas", reiterou Nircinéia, que há cinco anos participa da festa em homenagem à eucaristia. Apesar de grupos distintos serem responsáveis pela montagem, não há competição entre eles. "O objetivo é todos ficarem bonitos", enfatiza. 

O trabalho chamou a atenção de quem passava pelo local. "É maravilhoso, muito lindo. Que pena que eles tiram no dia. Depois de um trabalho lindo desses, deveria ficar pelo menos uma semana", elogiou o auxiliar de expedição, Ronaldo Pereira, que aproveitou para tirar fotos com a filha e a sobrinha. "É uma grande oração", comentou a professora estadual, Nélia Brito.

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