Idosa é presa por ofensa racial e agressão em ônibus de SP

Autora do ataque confessou o crime mas pagou fiança e foi liberada; vítima afirmou que irá recorrer

por Nataly Simões sex, 27/07/2018 - 11:09

A idosa Argemira Ribeiro, de 62 anos, foi detida após realizar ofensas racistas e agredir a estudante Alanne França, de 21 anos, dentro de um ônibus que passava pela avenida Interlagos, na Zona Sul de São Paulo. O motorista parou o veículo e um passageiro acionou a polícia, que efetuou a prisão em flagrante.

De acordo com a vítima que compartilhou o caso em suas redes sociais, ela estava sentada em um assento ao lado da idosa que começou a dizer: “Macaca, preta nojenta, macaca dos infernos”. Alanne contou que enquanto recebia as ofensas, a idosa ainda deu dois tapas em sua cara e apertou seu rosto com as unhas, e para se defender a segurou pelos cabelos.

Segundo a estudante, passageiros que estavam no ônibus tentaram afastar a senhora da jovem e pediram para que ela não respondesse à agressora para não “perder a razão”. "Quando a afastaram de mim, ela simplesmente tirou os sapatos que calçava e jogou eles em mim”. Alanne afirmou ainda que a idosa disse que se ela gostava de defender, deveria ter começado nascendo na cor branca. “Depois disso, eu sentei e chorei”, contou.

Argemira confessou o crime e disse que foi a estudante que a agrediu primeiro. “Eu chamei ela sim [de macaca], eu não nego o que eu falei, mas chamei sem querer, porque ela veio puxar meu cabelo”, afirmou.

Segundo a idosa, Alanne  resolver defender uma outra passageira que havia pisado no pé dela. "Quando eu entrei dentro do ônibus eu sentei do lado dela. E então, uma outra moça pisou no meu pé e eu disse: Você pisou no meu pé moça. Depois disso, essa moça sentada do meu lado tomou as dores pela outra que pisou no meu pé e disse: Olha, a moça está pedindo desculpas, você não vai desculpa-lá? Eu respondi que ela já estava desculpada", relatou.

O crime foi registrado no 99º Distrito Policial, no bairro Campo Grande, como injúria racial. Argemira pagou fiança de R$ 1 mil e foi liberada. A vítima disse que essa foi a segunda vez que sofreu discriminação racial seguida de agressão e reclamou que a polícia não explicou o motivo de não terem registrado o ocorrido como racismo. “Apenas fui informada que eu tinha que dar o direito da acusada de pagar a fiança. Sobre isso, eu com certeza vou recorrer", afirmou.

De acordo com o artigo 140, parágrafo 3º do Código Penal, injúria racial é a ofensa à dignidade utilizando palavra depreciativa referente a raça e cor com a intenção de ofender a honra da vítima. Já o crime de racismo, previsto em lei, é aplicado quando a ofensa discriminatória é contra um grupo ou coletividade. Por exemplo, quando pessoas negras são impedidas de acessar um estabelecimento comercial.

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