Vigia celebra devoção a Nossa Senhora de Nazaré

Com o tema "Maria, educadora da vida Cristã’’, Círio mais antigo do Pará reuniu 100 mil fiéis em sua 321ª edição. Romaria sai da Igreja São Sebastião até a Igreja da Mãe de Deus.

sab, 20/10/2018 - 07:49

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Devotos celebraram no dia 9 de setembro mais um Círio de Nossa Senhora de Nazaré, no município de Vigia, nordeste do Pará. Em sua 321ª edição, o Círio de Vigia teve como tema "Maria, educadora da vida Cristã". A procissão saiu às 7 horas da Igreja de São Sebastião e percorreu as principais ruas da cidade até a Igreja da Madre de Deus, onde se encerrou com missa celebrada pelo bispo da Diocese de Castanhal, Dom Carlos Verzeletti.

A prefeita de Vigia, Camille Vasconcelos, falou da emoção de poder celebrar mais um Círio. "Quando a gente vê os romeiros chegando, contagia com alegria nessa linda festa de fé. Aqui em Vigia, o Círio não é somente hoje, ele vai pra todas as localidades do nosso município. Pra gente é uma emoção muito grande", contou.

Com muita emoção, Devanilda da Silva conseguiu realizar o sonho de ter sua casa própria e foi pagar sua promessa. "Esse ano eu falei: se eu realizasse meu sonho, traria uma imagem da minha casa", declarou. Segundo informações da coordenação do Círio de Vigia, contando com as procissões oficiais até o dia da grande romaria, houve 100 mil devotos presentes.

O Círio ocorre há mais de 300 anos, sempre no segundo domingo do mês de setembro. A devoção a Nossa Senhora de Nazaré chegou à Vigia, vinda de Portugal, no século XVIII. Em 1697, o padre jesuíta Serafin Leite já relatava a existência de romarias em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré. 

"Os jesuítas chegaram primeiro em Belém e lá eles construíram o primeiro colégio da Amazônia. Em seguida eles rondaram vilas importantes como Cametá, Óbidos, Santarém, Vigia, Bragança e escolheram um lugar para fazer o segundo colégio da Amazônia. Então você vem aqui em Vigia e encontra um prédio imenso construído que é a Igreja da Madre de Deus, a Igreja de Nazaré", contou o historiador e professor José Ildone. De acordo com o professor, os jesuítas construíram o primeiro colégio da Amazônia em Belém e o segundo, em Vigia. "O colégio de Belém era o Colégio de São Francisco Xavier. Nada de santa. Jesuítas não gostavam de santa, gostavam de santo, porque o patrono deles, Inácio de Loyola, era um militar. Mas na Vigia, o nome do Colégio é Mãe de Deus, segundo colégio da Amazônia, e funcionava dentro da Igreja. Em Belém não havia nada ligado a Nossa Senhora, a não ser no posterior, Santa Maria do Grão Pará. E a Vigia desde 1697, já era Vila da Vigia de Nazaré. Pelo próprio nome já temos um Nazaré ligado a Vigia e não a Belém", disse o pesquisador.

Ainda segundo Ildone, a padroeira de Belém não é Nossa Senhora de Nazaré, e sim Santa Maria do Grão Pará. "Posteriormente o Círio saiu daqui, passou pra Belém, e lá se entronizou no bairro de Nazaré. Os jesuítas encontraram uma existência tão forte da festividade de nossa Senhora de Nazaré que não tiveram a coragem de trocar, botar o nome de santo, mantiveram a Madre de Deus, depois Igreja de Nossa Senhora de Nazaré", declarou.

A procissão conta com os mesmos símbolos do Círio de Belém, como a berlinda, corda, guardas de Nossa Senhora de Nazaré, carros de milagres e de anjos. Porém, no Círio de Vigia, se encontram algumas particularidades, como o Carro dos Anjos repleto de crianças que cumprem as promessas de suas mães sempre com as vestes de anjos, representando os querubins que rodeiam Nossa Senhora de Nazaré. O Carro dos Fogos leva uma pessoa soltando foguetes, avisando para a população onde está a passando a Imagem de Nossa Senhora de Nazaré. O carro Anjo do Brasil tem que apenas meninas, algumas vestidas de túnica verde e amarela, levando a Bandeira Nacional em cima de um cavalo. "Ainda há polêmicas sobre a origem do Anjo do Brasil. Uma das teorias é de que foi uma homenagem à República’’, contou José Ildone.

Por Ana Caroline Barboza e Amanda Lima.

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