Cardeal admite que Igreja destruiu arquivos sobre abusos
O religioso alemão Reinhard Marx, conhecido por suas posições progressistas, criticou o fato de o "segredo pontifício" ser apresentado com frequência como justificativa pela Igreja
A Igreja católica destruiu arquivos sobre os autores de abusos sexuais, reconheceu neste sábado (23) o cardeal alemão Reinhard Marx durante uma reunião histórica no Vaticano sobre a luta contra a pedofilia.
"Os arquivos que poderiam documentar estes atos terríveis e indicar o nome dos responsáveis foram destruídos ou inclusive não chegaram a ser criados", afirmou o presidente da Conferência Episcopal Alemã.
"O abuso sexual de crianças e jovens se deve, em uma parte não insignificante, ao abuso de poder da administração", completou o cardeal alemão em seu discurso aos participantes da reunião, entre eles 114 presidentes de conferências episcopais de todo o mundo convocados para falar também sobre o silêncio e acobertamento da pedofilia por parte da hierarquia da Igreja.
"Ao invés de punir os culpados, as vítimas foram as repreendidas e silenciadas", lamentou. "Os procedimentos e trâmites fixados para perseguir estes delitos foram deliberadamente ignorados, e inclusive apagados ou anulados", insistiu.
"De fato, os direitos das vítimas foram pisoteados e deixados ao livre arbítrio de indivíduos", denunciou o cardeal Marx.
O religioso alemão, conhecido por suas posições progressistas, criticou o fato de o "segredo pontifício" ser apresentado com frequência como justificativa pela Igreja e, pior ainda, em casos como o dos abusos sexuais cometidos por padres.
O cardeal pediu mais transparência sobre os julgamentos realizados pela Igreja e exigiu a divulgação do número de casos examinados pelos tribunais eclesiásticos, assim como detalhes sobre os mesmos.