Carta encontrada confirmaria pista terrorista na Holanda

Gokmen Tanis, de 37 anos, foi preso na segunda-feira (18) após uma caçada que durou oito horas

ter, 19/03/2019 - 10:50
JOHN THYS Adolescentes depositam flores no local do tiroteio em Utrecht JOHN THYS

Os investigadores do ataque de Utrecht (Holanda) indicaram, nesta terça-feira (19), que consideram seriamente a pista terrorista, depois de terem encontrado uma carta no carro do principal suspeito.

Em um comunicado conjunto, o Ministério Público holandês e a polícia informaram que por ora não foi estabelecido nenhum vínculo entre o suspeito de origem turca, Gokmen Tanis, e as vítimas do ataque de segunda-feira em um VLT da cidade, no qual três pessoas morreram e sete ficaram feridas, segundo balanço atualizado.

Na véspera, as autoridades holandesas afirmaram que provavelmente o ataque teve uma motivação terrorista, mas que "não podiam descartar" outros motivos, como uma disputa familiar.

"Neste momento, a motivação terrorista é levada em conta seriamente", aponta o comunicado do MP e da polícia local, que interpelou um total de três suspeitos.

Gokmen Tanis, de 37 anos, foi preso na segunda-feira (18) após uma caçada que durou oito horas. Uma arma de fogo foi apreendida durante a sua detenção, informaram os investigadores.

Na segunda-feira, o primeiro-ministro holandês Mark Rutte afirmou que não poderia excluir outras pistas que a motivação terrorista.

"Há muitas perguntas e boatos", declarou durante uma coletiva de imprensa em Haia. "Qual foi a razão, terrorista ou outra, ainda não sabemos, mas não podemos excluir nada", acrescentou.

"Os outros motivos não estão excluídos, eles também são objeto de investigações", acrescentaram nesta terça o MP e a polícia.

Além do principal suspeito, dois outros homens, de 23 e 27 anos, estão sob custódia após sua prisão na noite anterior. Nenhum detalhe foi dado sobre o grau de envolvimento dos detidos.

No início desta manhã, os moradores desta cidade de cerca de 350.000 habitantes, a quarta maior da Holanda, flores eram deixadas no local da tragédia em homenagem às vítimas.

"Estou aqui para homenagear as vítimas e apoiar seus entes queridos", disse Yvette Koetjeloozekoot, de 29 anos, moradora do bairro.

Os mortos no ataque são uma mulher de 19 anos e dois homens de 28 e 49 anos, todos da província de Utrecht, informaram as autoridades nesta terça-feira.

- Comportamento instável -

Após a tragédia, os VLTs voltaram a trafegar após a interrupção do serviço, o tempo para que a polícia concluísse o seu trabalho na cena do crime, um local muito movimentado do centro da cidade.

Enquanto as bandeiras estavam a meio mastro em muitos edifícios do país, Mark Rutte presidiu uma reunião de gabinete sobre o ataque, que suscita temores de segurança pública na véspera de importantes eleições provinciais na Holanda.

Na segunda-feira o nível de ameaça terrorista foi elevado a cinco em Utrecht (seu nível mais alto), na sequência do ataque. Ela foi rebaixado após a prisão de Gokmen Tanis.

Sobre este homem já conhecido da justiça holandesa, considerado o principal suspeito, os serviços de inteligência turcos estão "reunindo informações", informou na segunda-feira à noite o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

"Alguns dizem que (o ataque) se deve a uma disputa familiar, outros dizem que foi um ato terrorista", acrescentou em entrevista ao canal de TV turco Ulke TV.

De acordo com a rede pública de rádio e televisão holandesa NOS, Gokmen Tanis compareceu há duas semanas perante a justiça por um caso de estupro.

Alguns membros de sua família teriam ligações com grupos muçulmanos radicais, mas, segundo a NOS, Gokmen Tamis também é conhecido por seu comportamento instável desde sua separação de sua esposa há dois anos.

Testemunhas do ataque no VLT relataram que o atirador tinha como alvo uma mulher e as pessoas que tentavam ajudá-la, de acordo com relatos da mídia.

Escolas e mesquitas permaneceram fechadas na segunda-feira até a prisão de Gokmen Tanis por policiais de elite altamente armados.

A União Europeia, os Estados Unidos e a Rússia, em particular, manifestaram a sua solidariedade para com a Holanda.

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