Jovens formados ocupam cargos de menor qualificação

Índice de trabalhadores de 24 a 35 anos com nível superior e que desempenham atividades de menor qualificação é de 38%

por Nataly Simões ter, 30/04/2019 - 17:26

Quase a metade dos jovens que possuem graduação ou pós-graduação (44%) ocupam postos de emprego que requerem menor qualificação do que a escolaridade adquirida, conforme mostram dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

As estatísticas revelam que o número de brasileiros com formação superior passou de 10,2% em 2012 para 13,9% no ano passado, ao passo que o número de trabalhadores graduados ou pós-graduados deu um salto de 13,1 milhões para 19,4 milhões no mesmo período.

No entanto, a proporção de trabalhadores de 24 a 35 anos com nível superior e que desempenham funções de menor qualificação é de 38%, o maior contingente já registrado desde que o Ipea começou a coletar esse tipo de informação, em 2012, ano em que a taxa era de 33%.

Formado em Fotografia, Anderson Donato, 31 anos, nunca conseguiu um emprego com carteira assinada na área, nem mesmo estágio no período em que ainda estava na universidade. "Eu terminei a faculdade em 2015 e todas as vagas que eu já encontrei pedem requisitos absurdos, como experiência em administração e conhecimento em programas que não são de fotografia, como AutoCad, Illustrator e CorelDRAW, que não se encaixam na área e nem na grade curricular do curso", afirma.

Apesar da dificuldade, Donato acrescenta que não desistiu de exercer a profissão que escolheu. “A fotografia sempre será minha primeira opção, mas no momento procuro trabalho em outras áreas para conseguir gerar renda e investir na minha carreira”, explica.

O caso da atendente de aeroporto Laís Ferreira, 24 anos, é parecido. Recém-formada em Arquitetura e Urbanismo, ela ainda não teve oportunidade de trabalhar na área. "Hoje me arrependo do curso que escolhi, porque é um ramo que precisa de indicação e com essa crise econômica ficou ainda mais difícil. Quase ninguém que era da minha turma conseguiu emprego na área”, revela.

Ainda segundo o Ipea, a diferença salarial entre a população de nível superior que ocupa cargo compatível com a formação e a que exerce função abaixo de sua escolaridade também aumentou entre 2012 e 2018, passando de 46% para 74%. A expectativa dos pesquisadores do instituto é de que esse índice melhore até o fim de 2019, embora isso dependa do fortalecimento da economia.

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