EUA notifica a ONU sobre saída do Acordo de Paris

Anúncio foi feito pelo secretário de Estado americano, Mike Pompeo

seg, 04/11/2019 - 21:20
SAUL LOEB (Arquivo) O secretário de Estado americano, Mike Pompeo SAUL LOEB

Os Estados Unidos comunicaram formalmente nesta segunda-feira (4) as Nações Unidas sobre sua saída do Acordo de Paris sobre o clima, decidida pelo presidente Donald Trump em 2017, anunciou o secretário de Estado americano, Mike Pompeo.

Esta etapa-chave, que não poderia ter ocorrido antes devido a uma cláusula contida no texto, inicia um período de um ano para que Washington possa efetivamente concretizar sua saída.

"Hoje, os Estados Unidos iniciam o processo de saída dos acordos de Paris. Conforme os termos do acordo, os Estados Unidos submeteram uma notificação formal de sua retirada às Nações Unidas. A saída será efetiva um ano depois da notificação", destacou Pompeo em um comunicado.

A saída ocorrerá após 4 de novembro de 2020, o dia seguinte da eleição presidencial americana, na qual Trump disputará um segundo mandato.

Pompeo invocou novamente "a injusta carga econômica imposta aos trabalhadores, corporações e contribuintes americanos pelos compromissos assumidos pelos Estados Unidos em virtude do acordo".

Ao apresentar os Estados Unidos como um bom aluno na luta contra as emissões de gases de efeito estufa, prometeu que Washington continuaria "propondo um modelo realista e pragmático nas negociações internacionais sobre o clima".

"Continuaremos trabalhando com nossos sócios internacionais para criar resiliência aos impactos da mudança climática", disse Pompeo.

"Como no passado, os Estados Unidos continuarão promovendo a pesquisa, a inovação e o crescimento econômico enquanto reduz as emissões e se comunica com (seus) amigos e sócios no mundo todo", apontou.

- Eleições -

ONGs e especialistas criticaram o egoísmo do segundo país que mais emite gases de efeito estufa, enquanto a China permanece no pacto.

"O abandono do Acordo de Paris é uma abdicação de liderança, à qual se opõem a maioria dos americanos", declarou Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York, que financia uma grande campanha a favor de fechar as usinas a carvão e contra os candidatos que se opõem às ações a favor do meio ambiente.

A decisão de Trump não criou um efeito dominó que muitos temiam em países como Austrália e Brasil. Pelo contrário, levou muitos atores não federais nos Estados Unidos a se comprometerem com o meio ambiente, desde o Partido Democrata até grandes cidades e empresas privadas.

Muitas entidades se comprometeram voluntariamente a alcançar um balanço de carbono neutro antes de 2050 ou a passar a um sistema que seja 100% baseado nas energias renováveis.

Finalmente, o Acordo de Paris não sucumbiu, e além disso foi reforçado pelas mobilizações globais de jovens que começaram há um ano.

Por outro lado, o resultado das eleições de 2020 nos Estados Unidos poderia ser mais determinante. "Se houver outro governo de Trump por quatro anos, as consequências vão ser muito, mas muito diferentes", disse à AFP David Levaï, do centro de estudos Iddri.

Todos os pré-candidatos democratas que buscam enfrentar Trump nas eleições se comprometeram a voltar ao pacto, o que poderiam fazer se algum deles chegar à Casa Branca em 20 de janeiro de 2021.

"Esta decisão é um insulto para a humanidade e uma vergonha para nosso país", disse o Comitê Nacional do Partido Democrata.

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