Sánchez pede união para prorrogar estado de alarme
Os últimos dias foram marcados por protestos contra o governo nas ruas de Madri e outras cidades como Saragoça, Sevilha ou Córdoba
Entre reclamações políticas e protestos nas ruas pela extrema direita, o presidente do governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez, apelou nesta quarta-feira (20) à união para estender o estado de alarme contra a pandemia de coronavírus por mais duas semanas.
"Foram os espanhóis unidos que interromperam o vírus (...) Ninguém tem o direito de desperdiçar o que alcançamos entre todas essas longas semanas de confinamento", argumentou Sánchez no Parlamento, que deve votar nesta quarta a extensão do estado do alarme até 6 de junho.
Os últimos dias foram marcados por protestos contra o governo nas ruas de Madri e outras cidades como Saragoça, Sevilha ou Córdoba. Pedindo a renúncia do governo, os manifestantes acusam o Executivo de reduzir as liberdades e de incompetência na gestão da crise.
Os protestos receberam o apoio do partido de extrema direita Vox, cujo líder, Santiago Abascal, alertou nesta quarta-feira que "a revolta das varandas, das panelas e das máscaras não pode parar".
"Pretende que escolhemos entre você ou o caos, mas é impossível, porque o caos é você e a coisa mais séria é que você assume que é incapaz de proteger os espanhóis", disse o líder do conservador Partido Popular (PP), Pablo Casado.
Alegações rejeitadas por Sánchez, que insistiu na "prudência", porque "ainda existem centenas de infecções diárias que devemos detectar, atender e isolar", e apresentou a extensão do estado de alarme como "a única maneira possível de combater efetivamente o vírus".
Como medida inédita, foi decretado que, a partir desta quinta-feira, toda pessoa a partir dos 6 anos de idade será obrigada a usar uma máscara na rua ou em locais públicos como lojas, quando não for possível manter a distância de segurança interpessoal de dois metros.
O estado de alarme está em vigor na Espanha desde meados de março e foi prorrogado sucessivamente a cada 15 dias.
Tem sido fundamental na luta contra o coronavírus, que até agora causou quase 28.000 mortes em um dos países mais afetados do mundo.
Inicialmente, o gabinete, minoria na Câmara, planejava estender o estado de alarme por um mês e prometeu que seria a última extensão.
Mas não obteve apoio político e teve que reduzir a proposta de prorrogação para 15 dias, ajustando-se às demandas do partido de centro-direita liberal Ciudadanos.
O apoio do Ciudadanos representa uma mudança na estratégia do governo e irritou os separatistas catalães da Esquerra Republicana (ERC), fundamentais na posse de Sánchez como presidente em janeiro passado.
Seu porta-voz parlamentar, Gabriel Rufián, acusou o socialista de preferir "a direita".