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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai receber em março duas visitas de Estado de líderes europeus. O presidente de governo da Espanha, Pedro Sánchez, e o presidente da França, Emmanuel Macron, acertaram as datas de suas vindas ao País, no primeiro semestre.

A primeira visita de Estado será a do socialista espanhol. Sánchez será recepcionado por Lula no Palácio do Planalto no dia 6 de março. Já a visita de Macron, postergada desde o ano passado, foi combinada para o dia 27 de março.

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Ambos virão ao País ao menos duas vezes neste ano, por causa da Cúpula de Líderes do G20, a ser realizada em novembro, nos dias 18 e 19, no Rio de Janeiro. A França é membro do grupo, e a Espanha, convidada permanente.

Lula tem proximidade política com ambos. Ele encontrou o primeiro-ministro espanhol e o presidente francês em mais de uma oportunidade ao longo do ano passado. O petista visitou Madri e Paris ainda no primeiro semestre.

As chancelarias dos países já estão em preparativos para montar a agenda e a pauta das viagens, embora as viagens não tenham sido ainda anunciadas formalmente pelos respectivos governos, o que costuma ocorrer apenas em data próxima da realização.

A Espanha é o segundo maior investidor estrangeiro no Brasil, com estoque de US$ 63 bilhões até o ano passado. A França, por sua vez, é o terceiro maior, com US$ 45 bilhões, e o principal empregador, com cerca de 700 mil pessoas.

Além de relações bilaterais entre os países e temas da geopolítica regional e global, como as guerras em Gaza e na Ucrânia, e a instabilidade da América Latina, também estará na pauta de março a tentativa de retomar a negociação do acordo comercial entre Mercosul e a União Europeia.

No fim do ano passado, as divergências se impuseram, e Macron se opôs à conclusão do acordo, apesar de gestões diplomáticas e políticas. Naquele momento, tido como uma janela ideal perdida, o Brasil ocupava a presidência temporária do Mercosul - agora exercida pelo Paraguai -, enquanto a Espanha presidia o Conselho da União Europeia, agora nas mãos da Bélgica.

Egito e Etiópia

Embora planeje um ano com menos viagens ao exterior, Lula confirmou com auxiliares as duas primeiras missões internacionais de 2024. Em fevereiro, ele visitará o Egito, no dia 15, e a Etiópia, nos dias 17 e 18, na semana seguinte ao Carnaval. Uma das principais pautas será a guerra entre Israel e grupo terrorista palestino Hamas.

No Egito, Lula conversará com o presidente Abdul Fatah Khalil Al-Sissi, sobretudo, por causa dos conflitos no Oriente Médio e da situação nos territórios palestinos, que ainda envolve a saída de brasileiros da Faixa de Gaza. O país vizinho a Gaza controla a passagem de Rafah e é um dos principais atores na região.

Na Etiópia, o presidente discursará na Cúpula da União Africana. O governo já começou a realizar reuniões para levantar oportunidades de investimento e cooperação com países do continente. No ano passado, Lula visitou Angola, São Tomé e Príncipe e África do Sul.

O petista prometeu reabrir linhas de financiamento para exportação de serviços de engenharia, paralisadas após a Operação Lava Jato, promover cooperação agrícola e de saúde, além de apoiar descontos ou a extinção da dívida dos países africanos e abrir novas embaixadas.

É possível que, durante a passagem pela região, o presidente converse pessoalmente com a Liga Árabe, sediada no Cairo, e secretariada pelo egípcio Ahmed Aboul Gheit.

Outro compromisso avaliado por integrantes do governo seria um encontro com o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, que deve estar presente em Adis Abeba, a convite da União Africana. Na capital etíope, deverá conversar ainda com o premiê do país, Abiy Ahmed Ali.

O chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, recebeu nesta sexta-feira (19) o ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva, na última etapa da turnê europeia do líder de esquerda, que ainda não confirmou se irá se candidatar à presidência no próximo ano.

"A Espanha e o Brasil compartilham fortes vínculos estruturais e permanentes em diferentes áreas", escreveu o líder socialista espanhol em sua conta no Twitter.

"Hoje me encontrei com seu ex-presidente, Lula, para discutir vários assuntos de interesse comum, como a situação da pandemia, as mudanças climáticas, ou a recuperação econômica", acrescentou Sánchez, que postou duas imagens do encontro realizado no Palácio La Moncloa, a sede da presidência do governo espanhol, em Madri.

Na mesma rede social, Lula publicou um vídeo do início do encontro.

O líder do Partido dos Trabalhadores (PT), de 76 anos, chegou na quinta-feira (18) a Madri, depois de passar pela Alemanha, onde se encontrou com o provável futuro chanceler Olaf Scholz, por Bruxelas e pela França.

Em Paris, reuniu-se, entre outras autoridades, com o presidente Emmanuel Macron e com a prefeita da capital francesa, Anne Hidalgo. A candidata socialista à presidência da França em 2022 recebeu com um abraço o "amigo" brasileiro, a quem concedeu o título de cidadão honorário de Paris em 2020.

Atual favorito nas pesquisas, Lula disse no mês passado que definirá no início do ano que vem se lançará sua candidatura às eleições presidenciais de outubro de 2022, nas quais enfrentaria o atual presidente, Jair Bolsonaro, em um clima de forte polarização na maior economia da América Latina.

Por enquanto, Lula tira proveito de sua passagem pela Europa para criticar Bolsonaro por sua gestão da pandemia da covid-19 e pelos incêndios na Amazônia, assim como para cultivar sua imagem internacional enquanto espera para confirmar suas intenções eleitorais.

Nesta última etapa da viagem, Lula deve se encontrar na parte da tarde com a ministra do Trabalho, Yolanda Díaz, uma figura em ascensão na esquerda radical espanhola.

No sábado (20), ele deve participar de um ato com movimentos progressistas e sindicais, no qual estarão as lideranças do Podemos e o ex-vice-presidente do governo espanhol Pablo Iglesias, ex-chefe dessa legenda.

De volta ao cenário internacional, Lula pode, mais uma vez, concorrer à liderança da maior economia latino-americana, depois de ter recuperado seus direitos políticos em março. Neste mês, foram anuladas as condenações por corrupção contra ele. Por uma destas sentenças, o ex-presidente ficou preso por quase 18 meses, entre 2018 e 2019.

O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, vai anunciar uma reformulação de seu governo de coalizão, que reúne os socialistas e a esquerda radical do Podemos, anunciou a Presidência neste sábado (10).

Sánchez "se encontra neste momento no Palácio Zarzuela para informar Sua Majestade, o rei, da composição do novo governo", cujo "objetivo principal será a recuperação econômica e social do país", anunciou o governo em uma mensagem oficial aos meios de comunicação.

Segundo o jornal El País e a rádio Cadena Ser, próximos da esquerda, o reajuste afetará apenas as pastas administradas pelos socialistas, inclusive a vice-presidência, e manterá os cinco ministros do Podemos em seus cargos.

A vice-presidente do governo, Carmen Calvo, deixará o Executivo e seu lugar será ocupado pela atual ministra da Economia e número três do Executivo, Nadia Calviño, segundo informações desses veículos.

O jornal El País afirma que a reforma significará também a saída da ministra das Relações Exteriores, Arancha González Laya.

Esta reforma é a primeira de envergadura desde o início da legislatura, em janeiro de 2020, quando os socialistas e o Podemos formaram um governo de coalizão pela primeira vez na história recente da Espanha.

Antes, apenas pequenas mudanças haviam sido realizadas devido às demissões do ex-ministro da Saúde, Salvador Illa, e do fundador e então líder do Podemos, Pablo Iglesias, que ocupava uma das vice-presidências do Executivo e deixou o cargo para tentar a presidência do governo de Madri.

Iglesias perdeu as eleições e deixou a vida política depois que sua derrota foi confirmada em 4 de maio.

A reformulação do governo espanhol ocorre três meses após a derrota da esquerda nas eleições regionais de Madri, bastião de direita e onde a atual presidente Isabel Díaz Ayuso, do conservador Partido Popular, conquistou maioria absoluta e o partido socialista caiu para terceira força.

Além disso, a recente decisão do governo de conceder indulto aos líderes da independência catalã presos após a tentativa fracassada de secessão de 2017 gerou desaprovação pública e deu munição à oposição de direita que busca derrotar Sánchez nas eleições de 2023.

Neste momento, algumas pesquisas colocam o PP na frente ou empatado nas intenções de voto com os socialistas se as eleições fossem realizadas hoje.

Com mais de 50% dos votos, o movimento de independência catalão saiu reforçado das eleições regionais de domingo (14) e deve manter o poder, neutralizando a vitória mínima dos socialistas do presidente espanhol Pedro Sánchez.

A aposta de Sánchez em Salvador Illa, seu ministro da Saúde que controlou a pandemia, foi insuficiente: venceu as eleições, mas sem chances de presidir esta rica região de 7,8 milhões de habitantes.

"Se esperavam tirar os separatistas do poder, não interpretaram bem o cenário. Era uma meta irreal", comentou a cientista política Berta Barbet, da Universidade Autônoma de Barcelona.

Tão irrealista que, apesar do peso das profundas diferenças que surgiram após a tentativa fracassada de secessão em 2017, os separatistas fortaleceram sua maioria parlamentar, passando de 70 para 74 assentos de um total de 135 na câmara regional.

E, com uma abstenção recorde que penalizou especialmente os não-independentistas, superaram pela primeira vez os 50% dos votos numa votação regional.

À frente do movimento ficou a formação Esquerda Republicana (ERC), representante do movimento de independência mais moderado e aliada de Sánchez em Madri, que desbancou seus parceiros de coalizão Juntos pela Catalunha (JxC) do ex-presidente regional Carles Puigdemont, partidários da manutenção do confronto.

Seu candidato Pere Aragonés parece ser o mais bem posicionado para presidir a região graças às suas 33 cadeiras, 32 do JxC e 9 da esquerda radical CUP.

A aritmética também permitiria uma coalizão de esquerda com ERC, os socialistas e seu parceiro minoritário em Madri, Podemos, mas os dois primeiros descartaram essa possibilidade.

"O cenário mais plausível é a repetição da coalizão ERC-JxC, com ERC liderando", diz Berta Barbet.

“O resumo é que a vida continua igual, mas com pequenas nuances”, afirmou Ernesto Pascual, doutor em política pela Universidade Aberta da Catalunha (UOC).

Os socialistas seguem liderando o bloco contra a secessão em detrimento do centrista Cidadãos, vencedor das eleições anteriores e contrários à estratégia apaziguadora de Sánchez na Catalunha.

No banco separatista, o ERC prepara-se para presidir o governo regional depois de superar o partido de Puigdemont, apesar de ter abandonado a estratégia de ruptura unilateral e promovido o diálogo com Madri.

"Vamos começar as discussões hoje", disse Pere Aragonés, que terá de superar as fortes desavenças com seus parceiros, que são a favor da manutenção do confronto com Madri.

Porém, mesmo que não tenha conseguido desbancar os independentistas do poder regional, "para o governo espanhol, as notícias são boas", disse o analista Josep Ramoneda.

Em Barcelona, terá um interlocutor mais fluido. E, em Madri, os resultados na Catalunha "legitimam a política do governo" e "colocam seus rivais da direita em uma situação de crise" após serem claramente superados pela extrema direita do Vox, explicou.

Isso dará a Sánchez margem p.lara abordar a questão catalã com gestos polêmicos, como a concessão de perdões aos nove líderes separatistas condenados a entre 9 e 13 anos de prisão pela tentativa de secessão de 2017.

Todos estão em semiliberdade há duas semanas, regime contra o qual a Promotoria interpôs recurso nesta segunda-feira.

Mas apesar da vontade de dialogar de ambos os lados, as posições permanecem distantes e de difícil encaixe. Aragonés já exigiu um referendo de autodeterminação que os socialistas rejeitam.

O chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, manifestou nesta terça-feira (1) a preocupação do Executivo com o agravamento da pandemia da covid-19 na região da capital, Madri, que acumula o maior número de infecções no país.

"Estamos preocupados com o estado da saúde pública e com a evolução da pandemia em Madri", declarou em entrevista à rádio Cadena Ser.

O líder socialista acrescentou que "alguns" governos regionais, competentes em questões de saúde, devem melhorar sua capacidade de rastreamento de casos de Covid-19, assim como suas "capacidades estratégicas" frente ao vírus.

Dado o forte aumento de infecções que o país vem experimentando desde o fim do confinamento em 21 de junho, Sánchez pôs à disposição das regiões 2.000 militares na semana passada. O objetivo é que os soldados possam ajudar no rastreamento dos contatos daqueles que testaram positivo para Covid-19.

Até o momento, 11 das 17 regiões do país solicitou efetivos para esse fim, entre elas Madri, governada pelos conservadores do Partido Popular, que demandou 150 deles.

A Espanha foi um dos países europeus mais afetados pela primeira onda da pandemia, em março, quando o governo decretou um dos mais severos confinamentos do mundo para controlar o contágio.

Desde a suspensão total do confinamento, as infecções quase dobraram de 262.272, em 21 de junho, para quase 463.000, no último balanço do Ministério da Saúde divulgado em 31 de agosto. Nesse último balanço, o total de casos aumentou em mais de 23 mil pessoas desde sexta-feira, e as mortes, em 83. O país registra 29.094 óbitos desde o início da pandemia.

Mais de 7.000 novas infecções e 44 novas mortes correspondem à região de Madri. E, das 1.656 internações hospitalares na última semana por causa da covid-19, 25% também são na região da capital, que já era o principal foco da pandemia na primeira onda.

"Grande parte dos diagnósticos e mortes se deve, principalmente, a uma comunidade autônoma, a comunidade de Madri", disse o diretor de Emergências de Saúde, dr. Fernando Simón.

Sobre essa declaração, a presidente regional, Isabel Díaz Ayuso, uma das lideranças conservadoras mais beligerantes do governo espanhol, respondeu que "essa obstinação contra Madri é injusta, desproporcional e prejudicial para a Espanha".

O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, anunciou neste domingo uma prorrogação até 21 de junho do estado de alerta contra o coronavírus, que permite restringir a mobilidade da população durante a flexibilização do confinamento, uma medida que deve ser ratificada pelo Congresso na quarta-feira.

"Voltamos a precisar de uma última e definitiva prorrogação de 15 dias do estado de alerta", afirmou o socialista Sánchez em uma entrevista coletiva, na qual celebrou o fato de o país estar "a ponto de chegar a um bom porto" depois de controlar a epidemia.

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Sánchez já havia tentado em meados de maio prorrogar por um mês o estado de alerta, mas teve que reduzir o período de sua solicitação a 15 dias, até 7 de junho, para garantir os apoios necessários no Congresso, onde seu governo de coalizão é minoritário.

Agora o governo solicitará uma nova prorrogação por mais duas semanas do estado de alerta, um instrumento que considera indispensável para limitar o direito à livre circulação e assim garantir o fim ordenado e gradual do confinamento da população, iniciado em 14 de março.

O governo tem o apoio necessário para a nova ampliação graças a acordos alcançados no sábado com os independentistas catalães do ERC e os nacionalistas bascos do PNV.

Depois de superar o pico da pandemia de coronavírus, a Espanha, com mais de 27.000 mortes até o momento, espera concluir o processo de desconfinamento por fases no fim de junho ou início de julho.

Entre reclamações políticas e protestos nas ruas pela extrema direita, o presidente do governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez, apelou nesta quarta-feira (20) à união para estender o estado de alarme contra a pandemia de coronavírus por mais duas semanas.

"Foram os espanhóis unidos que interromperam o vírus (...) Ninguém tem o direito de desperdiçar o que alcançamos entre todas essas longas semanas de confinamento", argumentou Sánchez no Parlamento, que deve votar nesta quarta a extensão do estado do alarme até 6 de junho.

Os últimos dias foram marcados por protestos contra o governo nas ruas de Madri e outras cidades como Saragoça, Sevilha ou Córdoba. Pedindo a renúncia do governo, os manifestantes acusam o Executivo de reduzir as liberdades e de incompetência na gestão da crise.

Os protestos receberam o apoio do partido de extrema direita Vox, cujo líder, Santiago Abascal, alertou nesta quarta-feira que "a revolta das varandas, das panelas e das máscaras não pode parar".

"Pretende que escolhemos entre você ou o caos, mas é impossível, porque o caos é você e a coisa mais séria é que você assume que é incapaz de proteger os espanhóis", disse o líder do conservador Partido Popular (PP), Pablo Casado.

Alegações rejeitadas por Sánchez, que insistiu na "prudência", porque "ainda existem centenas de infecções diárias que devemos detectar, atender e isolar", e apresentou a extensão do estado de alarme como "a única maneira possível de combater efetivamente o vírus".

Como medida inédita, foi decretado que, a partir desta quinta-feira, toda pessoa a partir dos 6 anos de idade será obrigada a usar uma máscara na rua ou em locais públicos como lojas, quando não for possível manter a distância de segurança interpessoal de dois metros.

O estado de alarme está em vigor na Espanha desde meados de março e foi prorrogado sucessivamente a cada 15 dias.

Tem sido fundamental na luta contra o coronavírus, que até agora causou quase 28.000 mortes em um dos países mais afetados do mundo.

Inicialmente, o gabinete, minoria na Câmara, planejava estender o estado de alarme por um mês e prometeu que seria a última extensão.

Mas não obteve apoio político e teve que reduzir a proposta de prorrogação para 15 dias, ajustando-se às demandas do partido de centro-direita liberal Ciudadanos.

O apoio do Ciudadanos representa uma mudança na estratégia do governo e irritou os separatistas catalães da Esquerra Republicana (ERC), fundamentais na posse de Sánchez como presidente em janeiro passado.

Seu porta-voz parlamentar, Gabriel Rufián, acusou o socialista de preferir "a direita".

O chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, afirmou nesta quarta-feira (6) que seria "imperdoável" suspender o confinamento do país "de maneira precipitada", ao defender no Congresso uma extensão do estado de emergência que permitiu a aplicação dessas severas restrições.

"Ignorar o risco da epidemia e suspender o estado de emergência de maneira precipitada seria um erro absoluto, total e imperdoável", disse Sánchez no Congresso, que deve validar essa prorrogação solicitada pelo governo e rejeitada pelos conservadores e pela extrema direita.

Em vigor desde 14 de março, o estado de emergência permitiu ao Executivo decretar um severo confinamento dos 47 milhões de espanhóis. A medida foi suavizada no final de abril.

De acordo com o balanço divulgado hoje pelo Ministério da Saúde, o número de óbitos com coronavírus nas últimas 24 horas chegou a 244, após três dias abaixo de 200 mortes diárias. O total de falecimentos é de 25.857, e o número de casos diagnosticados passa de 220.000, números que fazem da Espanha um dos países mais afetados pela pandemia.

Quase dois meses de confinamento conseguiram retardar consideravelmente a propagação da doença, que causou 950 mortes em um dia no início de abril.

- Disputa política -

O diretor do Centro de Emergências de Saúde, Fernando Simón, destacou que, exceto nas duas regiões mais afetadas, Madri e Catalunha, o restante registrou entre 0 e 3 internações em terapia intensiva na última parte.

"Estamos progredindo muito bem. Seria muito triste que, por alguns dias de ansiedade, saíssemos mais rápido do que o recomendado. Perderemos tudo que ganhamos", alertou.

O governo, que já permite as saídas de crianças ao ar livre, assim como passeios e a prática individual de esportes para adultos, prevê um processo de desconfinamento até o final de junho. Esse processo será gradual, com a suspensão das restrições em etapas.

Para isso, Sánchez pediu ao Congresso que estenda o estado de emergência por mais duas semanas. A medida fica em vigor até este sábado, à meia-noite. "Limitamos a liberdade de movimento, a liberdade de reunião, é verdade. Mas fazemos isso para salvar vidas", argumentou.

"As restrições serão menos severas, mas continuará havendo restrições, e essas restrições precisam de um estado de emergência", justificou Sánchez, que garante o apoio do partido centrista Cidadãos e de outros partidos regionais.

Sua gestão da crise foi fortemente criticada pelos conservadores, pela extrema direita e pelo movimento de independência da Catalunha, que entendem que o governo está fazendo uso abusivo dessa medida excepcional.

"Esse estado de emergência fez sentido no início da pandemia (...), mas não pode ser prolongado indefinidamente", disse Pablo Casado, líder do Partido Popular conservador. Casado acusa o governo Sánchez de um "fracasso retumbante de gestão", com "falhas, improvisos e reviravoltas".

Em seu discurso, o líder socialista também anunciou o decreto de um luto nacional, quando o país como um todo começar a desescalada - provavelmente na próxima segunda-feira -, e a celebração de uma homenagem às vítimas quando esse processo terminar.

O líder da oposição venezuelana Juando Guaidó chega neste sábado (25) à Espanha, onde realizará um comício no centro de Madri, mas não será recebido pelo presidente Pedro Sánchez, o que desencadeou uma tempestade política no país.

Reconhecido como presidente encarregado da Venezuela por cinquenta países, incluindo a Espanha, Guaidó se encontrará com a ministra das Relações Exteriores, Arancha González, em uma reunião na instituição da Casa da América e não na sede do ministério.

Mas o fato de não encontrar o socialista Pedro Sánchez, que durante o dia visitará áreas afetadas por uma tempestade e à noite comparecerá à cerimônia dos prêmios Goya, irritou o entorno de Guaidó e Washington e provocou fortes críticas da oposição conservadora.

O líder do Partido Popular (PP), Pablo Casado, verá Guaidó, assim como o prefeito e a presidente regional de Madri, ambos da formação de direita.

Casado pediu a Sánchez na sexta-feira para definir "de que lado está": com o presidente Nicolás Maduro ou Guaidó, que já encontrou o primeiro-ministro britânico Boris Johnson, a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês Emmanuel Macron.

A atmosfera ficou ainda mais tensa quando um dos ministros mais próximos de Sánchez reconheceu ter falado na segunda-feira no aeroporto de Madri com a número dois do governo de Maduro, Delcy Rodríguez.

Segundo seu relato, o ministro do Desenvolvimento, José Luis Ábalos, foi ao aeroporto receber o ministro do Turismo da Venezuela, seu amigo pessoal, e pediu que ele "cumprimentasse" a vice-presidente, que viajava no mesmo avião particular e que seguia para a Turquia.

"E foi o que fiz, apenas a cumprimentei. Lembrei-a de que ela não poderia entrar em solo espanhol devido às sanções da União Européia", disse Ábalos, em entrevista ao jornal La Razón neste sábado.

Ábalos garantiu que o tratamento que será dado a Guaidó responde à "posição especial" da Espanha como líder na Europa para buscar uma "solução democrática equilibrada" para a crise venezuelana.

Mas Casado vinculou essa posição à entrada no governo do partido de esquerda radical Podemos, que no passado expressou simpatia e mantevea relações com o chavismo.

Guaidó, que se autoproclamou presidente da Venezuela há um ano, violou a proibição de deixar seu país para iniciar este giro europeu em busca de apoio para retirar Maduro do poder.

A Espanha, um dos destinos preferidos dos venezuelanos que deixaram o país por causa da crise (4,6 milhões desde 2015, segundo a ONU), abriga cerca de 324.000 venezuelanos, segundo dados oficiais de 2019.

O socialista Pedro Sánchez prestou juramento, nesta quarta-feira (8), como presidente de um inédito governo de coalizão, junto com a esquerda radical do partido Podemos.

Eleito pelo Congresso dos Deputados na terça-feira (7) para liderar o primeiro governo de coalizão desde o fim da ditadura de Francisco Franco (1975), Sánchez jurou respeitar a Constituição, diante do rei Felipe, em cerimônia no Palácio da Zarzuela.

A composição ministerial ainda será anunciada.

A Espanha se encaminha para novas eleições no dia 10 de novembro depois que o atual chefe de governo, o socialista Pedro Sánchez, não conseguiu os apoios necessários para se manter no poder.

"O país se vê condenado a uma repetição eleitoral no próximo dia 10 de novembro", reconheceu Sánchez após uma infrutífera rodada de consultas do rei Felipe VI com diferentes representantes políticos.

"Foi impossível cumprir com o mandato eleitoral dos espanhóis do 28 de abril passado. Tentei por todos os meios, mas tornaram impossível", reconheceu Sánchez.

"Duas forças políticas conservadoras e uma força de esquerdas preferiram bloquear o partido do governo que as urnas pediram. Pediremos aos espanhóis que digam isso ainda mais claramente no próximo 10 de novembro", acrescentou querendo demonstrar otimismo.

No poder desde junho de 2018, o socialista ganhou as eleições de abril, mas precisava de alianças no Congresso, onde seu partido somente obteve 123 deputados de 350, muito distante da maioria absoluta (176).

"Não existe um candidato que conte com os apoios necessários para que o Congresso dos Deputados, em seu caso, lhe outorgue sua confiança", afirmou em comunicado a Casa Real, após a rodada de consultas do monarca.

Consequentemente, Felipe VI "não formula uma proposta de candidato à Presidência do Governo", acrescentou.

O bloqueio levará, assim, à dissolução do Parlamento no próximo 23 de setembro e a convocatória de eleições em 10 de novembro.

Será a quarta eleição legislativa desde 2015, quando o bipartidarismo exercido até então pelo partido socialista PSOE e pelo conservador Partido Popular (PP) foi desestabilizado pela esquerda radical do Podemos e pelo centro-liberal Cidadãos.

Derrotado nas urnas em duas oportunidades, Pedro Sánchez, de 46 anos, líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), venceu ontem a queda de braço no Parlamento da Espanha contra o primeiro-ministro Mariano Rajoy e assumirá o comando da quinta maior economia da União Europeia. A moção de censura, manobra política que viabilizou a queda do premiê, foi a primeira bem-sucedida desde a redemocratização do país, em 1977.

Eleito pelo Parlamento como chefe de governo em dezembro de 2011, Rajoy vivia desde 2016 uma situação instável. Sem maioria no Legislativo, contava com a abstenção da legenda centrista Ciudadanos e de partidos nanicos para se manter no poder.

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A situação lhe permitiu enfrentar a crise da Catalunha, em 2017, mas se tornou insustentável desde 24 de maio, quando a Audiência Nacional, a mais alta corte de Justiça, condenou o Partido Popular (PP), do qual é o líder, e 28 de seus altos dirigentes em um processo por corrupção e financiamento clandestino de campanhas eleitorais - o caso Gürtel.

A decisão judicial abriu o caminho para que Sánchez propusesse a moção de censura, ferramenta dos sistemas parlamentaristas europeus que permite contestar um governo. Por 180 votos a favor e 169 contrários, o premiê conservador foi derrubado pelo Parlamento. "Foi uma honra ter governado a Espanha", afirmou Rajoy, antes da votação que formalizou sua queda. "Entrego uma Espanha melhor do que encontrei. Que meu substituto possa dizer o mesmo."

Em seu discurso, Sánchez prometeu abrir "uma nova página na democracia da Espanha". "Queremos dignificar uma democracia sólida, forte e com instituições exemplares."

Tão logo a votação foi encerrada, recebeu uma salva de palmas dos deputados presentes e os cumprimentos de Pablo Iglesias, líder do partido de esquerda radical Podemos. "Hoje tivemos uma grande notícia. Estamos orgulhosos de poder enviar o Partido Popular à oposição, onde devem estar", afirmou Iglesias, colocando-se à disposição de Sánchez para participar de uma coalizão de governo. "Espero que Sánchez seja capaz de armar um governo forte e estável e não pretenda governar com 84 deputados."

Por ora, a possibilidade de aliança ainda segue em aberto e não se descarta a possibilidade de que o PSOE inicie sua gestão sem formalizar o apoio do Podemos. Mas Sánchez já manifestou o interesse de contar com o apoio de outros partidos, por entender que o bipartidarismo no Parlamento chegou ao fim. Mesmo uma eventual coalizão com o Podemos será minoritária, com 84 votos dos socialistas, 71 do Podemos e partidos nanicos, o grupo chegaria a 156 votos, de um total de 350 deputados.

A posse de Sánchez ocorrerá às 11 horas deste sábado, , depois de o rei Felipe VI, na condição de chefe de Estado, oficializar sua nomeação ao posto de premiê. Embora sofra pressões do líder do Ciudadanos, Albert Rivera, para convocar eleições para o mais breve possível, o socialista manifestou a intenção de comandar uma coalizão até o fim da legislatura, em 2020.

Ex-professor de Economia, conhecido como El guapo (bonito, em espanhol), Sánchez comandou o retorno do PSOE ao governo, após Felipe González (1982-1996) e José Luis Rodríguez Zapatero (2004-2011). Contestado no interior da legenda após suas derrotas nas eleições de 2015 e 2016 - quando elegeu apenas 84 deputados -, Sánchez chegou a ser derrubado do cargo de secretário-geral do partido, mas retomou o poder pelo voto dos militantes adotando uma linha social-democrata mais à esquerda do que seus predecessores.

Ao longo da crise catalã, apoiou a estratégia de linha dura de Rajoy contra os independentistas, mas soube construir uma linha de diálogo, o que lhe permitiu contar com os votos dos partidos catalães e bascos para chegar ao poder nesta sexta.

Lidar com o desafio separatista na Catalunha será, ao que tudo indica, o maior desafio de sua gestão. Sem maioria no Parlamento, Sánchez não terá os votos para aprovar a reforma do sistema territorial, adotando medidas de caráter federativo.

Embora tenha sido evasivo sobre seu programa de governo, ele deve iniciar sua gestão desfazendo atos impopulares do governo Rajoy. Segundo o cientista político Fernando Vallespin, da Universidade Autônoma de Madri, uma das primeiras medidas seria revogar a reforma da legislação do trabalho, destinada a flexibilizar as relações trabalhistas, mas acusada por seus detratores de tornar o mercado precário e causar efeitos contraproducentes à economia.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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