Em frente às Torres Gêmeas, ato pede justiça para Miguel

Manifestação organizada por movimentos sociais saiu do TJPE em direção ao edifício em que o garoto faleceu, onde encontrou com o protesto da família

sex, 05/06/2020 - 15:27

Um grupo de manifestantes de diversos movimentos sociais se reuniu de frente ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), nesta sexta (4), para pedir justiça por Miguel Otávio Santana da Silva, de cinco anos, morto após cair do nono andar do edifício Píer Maurício de Nassau, popularmente conhecido por integrar o conjunto conhecido como “Torres Gêmeas”, localizado no Centro do Recife. Por deixar o garoto sozinho no elevador, Sarí Côrte Real, patroa de sua mãe e primeira-dama da cidade de Tamandaré, no litoral sul de Pernambuco, responderá por homicídio culposo, isto é, quando não há intenção de matar. O grupo seguiu para as “Torres Gêmeas”, onde se uniu, às 15h, à manifestação organizada pela família de Miguel.

"Agradecemos a todos pelo apoio que estamos tendo. A gente não queria julgar ninguém, mas quando vimos as filmagens, soubemos que existe um culpado. Se ela [Sarí Côrte Real] não tivesse deixado Miguel entrar no elevador, garanto que ele ainda estaria vivo", lamentou a tia de Miguel, Fabiana Patrícia de Souza.

No salão de festas do condomínio, os moradores também organizaram uma manifestação em apoio à família de Miguel. Um dos condôminos, o empresário Ângelo Leite, desceu para conversar com a imprensa e chegou a se ajoelhar para saudar os manifestantes. "A gente sabe que é errado deixar uma criança sozinha no elevador e é só isso que a gente fala em relação ao caso. Em relação ao condomínio estamos todos muito chocados, tentando nos integrar ao movimento para dizer que a gente está sentindo muito pelo que está acontecendo. Dói na alma da gente", afirmou.

Pacífica, a manifestação correu silenciosa até a chegada ao edifício Píer Maurício de Nassau, quando os manifestantes gritaram palavras de ordem como "Justiça". Dentre eles, a moradora de rua Maria Aparecida Cavalcanti, que estava bastante emocionada durante a mobilização. "Sou moradora de rua há 50 anos, tenho 52 anos e foi na rua que criei 12 filhos. E não trabalho para nenhum deles, porque isso foi racismo. Sou negra e pobre. Miguel poderia ser meu filho", comentou.

 

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