Caso Miguel: ato pede condenação de Sari Corte Real
Na manhã desta quinta-feira (3) ocorre a primeira audiência de instrução e julgamento do caso
Em frente ao local da audiência de Sari Corte Real, na 1ª Vara de Crimes contra a Criança e o Adolescente da Capital, no Centro do Recife, nesta quinta-feira (3), organizações voltadas à defesa dos direitos do povo negro cobram justiça no caso da morte de Miguel Otávio, de cinco anos. Sari foi denunciada por abandono de incapaz com resultado morte, com as agravantes de cometimento de crime contra criança e em ocasião de calamidade pública
Com a ajuda de um carro de som, os manifestantes dizem que a morte da criança deve ser usada para refletir sobre os reflexos do racismo estrutural no Brasil. Com cartazes cobrando justiça, cerca de 30 integrantes da Articulação Negra de Pernambuco (Anepe), do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), do Instituto Menino Miguel e outras entidades pedem pela condenação máxima de Sari.
"O Brasil é um país que foi construído em cima de um mentalidade escravagista, o sangue preto sempre foi derramado para que ela fosse construída. Basta ver que mulheres e homens pretos foram trazidos com a finalidade de trabalhar como escravos. A gente precisa enfrentar esse racismo e as leis precisam ser mais contundentes", criticou o representante do Instituto Menino Miguel, Hugo Monteiro.
Diante de uma força policial considerada desproporcional pelos manifestantes, com quatro viaturas e cerca de 15 militares, a representante da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco, Daniele Braz, diz que a própria Justiça precisa se reestruturar. "Eu acho que o caso de Miguel serve como um símbolo de como a estrutura de poder judiciário é racista. Se fosse Mirtes ao invés de Sari, ela já estaria na cadeia. A audiência só foi marcada porque houve muita pressão popular", complementou.
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Relembre o caso
No dia 2 de junho deste ano, Miguel morreu após cair do nono andar do condomínio de luxo, Píer Maurício de Nassau, localizado no Centro da capital pernambucana. Ele era filho da doméstica Mirtes Renata de Souza, que passeava com o cão da patroa e havia deixado o garoto sob os cuidados de Sari.
A primeira-dama de Tamandaré permitiu que Miguel pegasse o elevador do edifício sozinho até o andar de onde caiu. Sua morte resultou na lei municipal 17.020/20, que proíbe o uso do elevador por menores de idade desacompanhados no Recife.
Na ocasião, Sari chegou a ser presa em flagrante por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, contudo foi liberada após fiança de R$ 20 mil. Após a repercussão do homicídio, um esquema de contratação de funcionários fantasmas foi descoberto na gestão do prefeito Sérgio Hacker, que incluía na lista de servidores do município Mirtes e Marta Maria Santana Alves, avó de Miguel.
Nesta quinta-feira (3), ocorre a primeira audiência de instrução e julgamento do Caso Miguel. Por volta das 10h foi iniciada a ouvida da primeira testemunha. Também estão previstas as ouvidas de Mirtes e Marta e o interrogatório de Sari.