Movimentação financeira eletrônica é tendência no mercado
Segundo economista, a diminuição do uso de caixas eletrônicos e dinheiro vivo é exemplo desta realidade
No início deste mês, o Banco Central (BC) anunciou que em breve vai divulgar mais informações e detalhes sobre a moeda digital que será implantada no Brasil, o Real Digital. Recurso semelhante já é utilizado no exterior, com o Bitcoin. Fatores como a pandemia de Covid-19 têm acelerado o processo de digitalização dos meios de pagamentos como o Pix, recurso de transação bancária lançado em novembro de 2020. Com isso, as movimentações financeiras que envolvem dinheiro em espécie tendem a perder cada vez mais espaço no país, segundo especialistas.
Para o economista e consultor tributário, Lamartine Dourado Cavalcante, as ferramentas de pagamento virtual fazem parte de uma nova tendência, que não inclui apenas o pagamento virtual, mas também o recebimento. “A tecnologia, os custos bancários, a abertura do mercado financeiro, a livre concorrência, bem como a terceirização de serviços bancários fizeram com que surgissem novos nichos de mercado, para atender todas as classes sociais”, aponta.
O especialista lembra que, em dado momento na economia, descobriu-se que existem milhares de micro correntistas que precisam apenas de um cartão e um código identificador, como o CPF, para utilizar os recursos de movimentação financeira, seja para pagar uma conta ou transferir recursos. Desta forma, a figura do gerente, atendente, carimbo, caixa eletrônico e, portanto, o dinheiro vivo, é coisa de outro mundo.
Diante de uma nova tendência é difícil apontar aspectos negativos, de acordo com Cavalcante. “Os pontos positivos são mais claros, porque a sociedade está mais receptiva aos avanços tecnológicos. As operações financeiras dão mais agilidade, retorno, bem como segurança, inclusive contra assaltos”. O economista explica que apesar das ferramentas à disposição serem benéficas, existem pelo menos dois fatores que fazem uma parcela da população ainda ser adepta do sistema financeiro tradicional: “Por não terem acesso às tecnologias e por se tratar de pessoas com baixa formação educacional, cujo conhecimento e discernimento sobre tecnologia são limitados", afirma.
Quando se tratam de ferramentas disponíveis no meio financeiro, o especialista afirma que a criptomoeda, mais conhecida como “Bitcoin” (dinheiro eletrônico para transações) ganha mais espaço no cenário financeiro pelo mundo, em função da tecnologia e o crescente volume de opções para negociação. Apesar disto, “ainda requer uma base sustentável. Portanto, justifica-se sua repercussão por ser necessário criar uma garantia de retorno ou ainda existir uma maior transparência em sua divulgação como alternativa de operação de investimento”, pontua ele
Em um possível cenário em que fosse implantada a criptomoeda no Brasil, o mercado financeiro a receberia com desconfiança e resistência, uma vez que modelos econômicos tradicionais tendem a ser mais permanentes, porque buscam mais garantias ao investidor. “A sociedade brasileira ainda é muito ortodoxa e limitada aos velhos e tradicionais lastros financeiros. Correntes econômicas diversas se convergem para criticar o surgimento, divulgação de investimentos e aplicações com promessas de retorno fácil”, afirma.
Para o economista, independente da dificuldade de se traçar um prognóstico acerca da nova moeda digital, a paulatina redução do uso do dinheiro em espécie circulando na economia em detrimento do aumento do uso das plataformas digitais financeiras é uma realidade irreversível.