Adeptos da cultura nerd integram hobby e trabalho
Profissionais da área de games e cinema falam sobre o Dia do Orgulho Nerd e contam como surgiu a paixão pela cultura pop
Nesta terça-feira (25) é celebrado o Dia do Orgulho Nerd, data escolhida por ser o mesmo dia em que “Star Wars IV: Uma Nova Esperança” (1977), de George Lucas, chegava aos cinemas, e assim passava a ser referência no cenário da cultura pop. A data também é conhecida como o Dia da Toalha, em referência à obra literária de Douglas Adams “Guia do Mochileiro das Galáxias” (1979), que sugere a toalha como um item essencial para um mochileiro estelar. Não é de hoje que a cultura geek vem ganhando espaço no cenário cultural e o conceito de ser um nerd ganhou outra conotação com o passar dos anos.
Luciano Lima, 29 anos, é desenvolvedor de jogos e conta que na sua época de escola, existia uma outra classificação de nerd, que estava associada aos garotos e garotas que sempre estudaram muito, tiravam boas notas e sentavam nas cadeiras da frente. O desenvolvedor de jogos relata que nunca foi o melhor aluno da sala, mas sempre esteve na média, ao mesmo tempo em que era adepto de produtos ligados à cultura geek. “Muitas coisas do quesito nerd me trouxeram bons momentos. Assisti muito anime, gostava de desenhos, lia muitas histórias em quadrinhos. Era legal para mim”, explica.
Ainda na época do colégio, Lima relembra que o grupo de pessoas nerds sempre foram acolhedoras. “Não havia preconceito. Era o assunto que levava à amizade, não importa se você era branco, negro, homem ou mulher. O que importava era o assunto do dia, sobre qual personagem derrotou outro personagem ou um filme legal que estava no cinema. O público nerd tem essa vantagem e isso gerava um bom convívio”, conta ele.
O desenvolvedor de jogos sempre foi consumidor de videogames e, em certa ocasião, escutou uma música que dizia: “O nerd de hoje é o cara rico de amanhã”. A partir deste momento, Lima sentiu que o estilo de vida gamer poderia lhe render bons frutos. “Eu trabalho com videogames e ser nerd na infância e juventude me levou a ser o profissional de jogos, onde eu posso desenvolver os games”. Lima completa dizendo que suas experiências durante os jogos servem como fundamento em seu trabalho para passar a mesma experiência a quem estiver jogando.
Assim como o desenvolvedor de jogos, Agenor Florentino, 33 anos, também tem uma história com o jeito nerd de ser. Hoje, ele é crítico de cinema e podcaster, mas tudo começou quando ainda era criança. Em sua época de escola, já era possível ver que existia um grupo de pessoas adeptas à cultura geek que se juntavam, e em vez de jogar bola, trocavam figurinhas.
Além do colégio, em casa também havia incentivo para o consumo deste tipo de produto. “Eu já nasci nerd. Meu irmão mais velho [10 anos de diferença] me apresentou esse mundo maravilhoso e eu comecei a consumir muito conteúdo de cultura pop, como quadrinhos, desenhos na televisão e videogames. Legal que a comunidade nerd é bem acolhedora, em pouco tempo conheci pessoas que tinham o gosto parecido com o meu”, relembra.
O podcaster conta que a partir dessa paixão, surgiu o sonho de um dia poder trabalhar com cultura pop. E por conta disto, quando Florentino estava empregado em trabalhos formais, não se sentia feliz. “Então de um tempo para cá, eu tomei a decisão de que o meu hobby seria minha profissão, e desde então venho me especializando e ainda bem que está dando tudo certo. Hoje sou crítico de um site sobre cinema, apresento um podcast, faço streaming de jogos e em breve, será lançado um canal no YouTube”, projeta.
Apesar de estar no caminho para continuar trabalhando com seu hobby, Florentino diz que esta é uma tarefa difícil, mas muito compensadora. Além de servir como ferramenta de trabalho, as mídias voltadas à cultura pop servem como uma válvula de escape. “Quando preciso relaxar, ou até mesmo quando estou passando por um momento difícil na vida, procuro filmes com temas específicos para poder assimilar melhor aquilo que está acontecendo comigo”, expõe.
Celebração de uma data
Na visão do desenvolvedor de jogos, a comemoração da data não se trata apenas de consumir algum tipo de produto. “Ser nerd é você estar em busca de uma boa narrativa, boas referências, uma boa história, para que aquilo possa trazer uma felicidade para você. É sempre ver o melhor que aquilo pode oferecer, e assim tirar o melhor ensinamento. Ser nerd hoje, é ser feliz”, confirma.
Já na interpretação do podcaster, hoje é nítido que o mercado da cultura pop movimenta milhares de pessoas, assim como ocorreu em 2015, quando houve uma competição de "League of Legends" no estádio do Palmeiras e 12 mil fãs se reuniram no local. “É muito interessante ver como as pessoas estão dando valor para aqueles que conseguem transformar sua paixão em negócio. Em virtude de tudo que os nerds representam no mundo, todo dia é dia do nerd. Mas realmente é legal utilizar uma data que possui vários significados para celebrar essa conquista que ainda vai render muitos frutos”, finaliza.