Duas pessoas são resgatadas com vida de prédio em Lagos
Um total de sete pessoas foram resgatadas das ruínas do prédio de 21 andares
Os serviços de emergência da Nigéria resgataram nesta terça-feira (2) dois sobreviventes do arranha-céu em construção que desabou na segunda-feira (1) em Lagos, capital econômica da Nigéria, matando pelo menos sete e prendendo dezenas de trabalhadores.
Um total de sete pessoas foram resgatadas das ruínas do prédio de 21 andares, informou à AFP Ibrahim Farinloye, funcionário da Agência Nacional de Gerenciamento de Emergências (Nema).
"Há sete mortos e sete sobreviventes", disse ele à AFP, acrescentando: "Ainda há esperança, muitos mais estão lá dentro. Falei com alguns deles há poucos minutos e suas vozes estão fortes".
As equipes de resgate continuam trabalhando na montanha de escombros deste edifício localizado em uma das avenidas mais ricas de Lagos, no distrito de Ikoyi, e que desabou na tarde de segunda-feira quando dezenas de trabalhadores estavam no local.
Pela manhã, jornalistas da AFP no local ouviram a voz fraca de um homem gritando por socorro dos escombros, enquanto uma dúzia de membros dos serviços de emergência e da polícia tentavam alcançá-lo. Duas retroescavadeiras cavavam entre os escombros.
Em um comunicado divulgado na segunda à noite, o presidente nigeriano Muhammadu Buhari instou as autoridades a "intensificarem os esforços nas operações de socorro" às vítimas.
A Gerrard Road, artéria muito movimentada onde ficava o prédio, foi parcialmente bloqueada pela manhã para facilitar a chegada ao local do socorro.
No dia anterior, um enorme congestionamento impediu que os serviços de emergência e as equipes responsáveis pela retirada dos entulhos tivessem acesso ao local por quase duas horas.
Mais de cem pessoas, a maioria delas próximas das vítimas ou desaparecidas, bem como testemunhas, estavam reunidas em frente aos escombros.
Os serviços de resgate retiraram os dois sobreviventes dos escombros sem que a multidão aos gritos pudesse vê-los.
Uma mulher, cujo marido estava dentro do prédio quando ele desabou, chorava.
Testemunhando o colapso no dia anterior, Enahoro Tony voltou para expressar sua raiva. "Extraí três corpos e fomos expulsos pelo exército".
"O que está acontecendo neste país?", reclamou, apontando para a montanha de entulho com mais de dez metros de altura. "Eu odeio esse país de merda!"
O desabamento de prédios é uma tragédia frequente na Nigéria, o país mais populoso da África, onde milhões de pessoas vivem em imóveis degradados e as leis de construção são rotineiramente desrespeitadas.
Sentados perto dos escombros, os irmãos Fawas Sanni, de 21 anos, e Afolabi Sanni, 17, esperam em choque por notícias de sua irmã.
"Nossa irmã está lá dentro", lamentava Fawas, chorando. "Fui o último a falar com ela antes de ela ir trabalhar ontem de manhã", disse o irmão mais velho, cobrindo a cabeça com as mãos.
Em um dos piores desastres, um prédio pertencente a uma igreja desabou em 2014 em Lagos, matando mais de 100 pessoas, a maioria sul-africanos.
Uma investigação revelou que o prédio havia sido construído ilegalmente e apresentava falhas estruturais.
Dois anos depois, 60 pessoas morreram quando o telhado de uma igreja evangélica desabou em Uyo, capital do estado de Akwa Ibom, no leste do país.