Nove grupos rebeldes etíopes se unem contra governo
Trata-se de organizações procedentes de diferentes regiões (Gambela, Afar, Somali e Benishangul), ou etnias (Agaw, Qemant, Sidama) do país
Nove grupos rebeldes etíopes, incluindo os de Tigré, que ameaçam a capital, Addis Abeba, anunciaram nesta sexta-feira (5) a criação de uma aliança contra o governo do primeiro-ministro Abiy Ahmed, em meio à escalada do conflito.
A intitulada Frente Unida das Forças Federais e Confederadas Etíopes agrupa a Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF), na linha de frente dos combates há um ano; o Exército de Libertação Oromo, ou OLA, aliado da TPLF; e mais sete movimentos, cuja capacidade e tamanho são mais incertos.
Trata-se de organizações procedentes de diferentes regiões (Gambela, Afar, Somali e Benishangul), ou etnias (Agaw, Qemant, Sidama) do país.
"Esta frente unida responde às inúmeras crises que o país vive" para "anular os efeitos nefastos do poder de Abiy Ahmed sobre os povos da Etiópia e de outras partes", afirmaram estas organizações em um comunicado.
Elas também consideram "necessário" "unir suas forças para uma transição" na Etiópia.
"Se estiverem levando isso realmente a sério, podem ser um verdadeiro problema" para Abiy Ahmed, disse um diplomata à AFP.
"Mas não conheço a maioria (dos grupos), não sei com quantas pessoas contam, nem com quais recursos", acrescentou a mesma fonte.
A guerra contra os rebeldes da TPLF no norte do país estourou há um ano, quando o governo federal enviou o Exército para destituir as autoridades dissidentes, em resposta a supostos ataques contra bases militares federais.
Abiy Ahmed proclamou sua vitória no final de novembro de 2020. A partir de junho deste ano, porém, o conflito sofreu uma reviravolta.
Os rebeldes do Tigré avançaram para além de sua região e, na quarta-feira (3), anunciaram a tomada da localidade de Kemissie, na região vizinha de Amhara, a 325 quilômetros de Addis Abeba.
O governo de Abiy Ahmed desmente as conquistas dos rebeldes e disse ontem que não vai recuar nesta "guerra existencial".