Tribunal adia anúncio de sentença contra Aung San Suu Kyi
Suu Kyi, de 76 anos, que já foi condenada a dois anos de prisão, aguardava a sentença pela acusação de importação ilegal de walkie-talkies e de operar os equipamentos sem licença
A justiça de Mianmar adiou nesta segunda-feira (20), sem explicações, a sentença do julgamento da líder deposta Aung San Suu Kyi, acusada de ter importado ilegalmente aparelhos de radiocomunicação, informou uma fonte a par do caso.
Suu Kyi, de 76 anos, que já foi condenada a dois anos de prisão, aguardava a sentença pela acusação de importação ilegal de walkie-talkies e de operar os equipamentos sem licença.
A líder birmanesa enfrenta vários processos que podem resultar em sentenças de dezenas de anos na prisão.
Mas nesta segunda-feira o juiz suspendeu a audiência para 27 de dezembro sem apresentar explicações, afirmou a fonte.
A vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 1991 está detida desde que os militares derrubaram seu governo em 1º de fevereiro, o que acabou com um breve período de democracia no país do sudeste asiático.
O governo reprimiu com violência os protestos contra o golpe, com um balanço de mais de 1.300 mortos e mais de 10.000 detidos, de acordo com uma ONG local.
As acusações se devem ao fato de que nas primeiras horas do golpe, quando soldados e policiais invadiram sua casa, supostamente encontraram o equipamento contrabandeado.
Durante o interrogatório, membros da equipe admitiram que não tinham ordem de busca e apreensão, segundo fonte próxima ao caso.
Recentemente, Suu Kyi foi condenada a quatro ano de prisão pela acusação de incitar a desordem desordem pública contra a junta militar e violar as regras contra a pandemia de covid-19, uma sentença criticada pela comunidade internacional.
O comandante da junta militar, Min Aung Hlaing, comutou a sentença a dois anos e afirmou que Suu Kyi poderia cumprir a pena em prisão domiciliar na capital Naypyidaw.
Suu Kyi também enfrenta várias acusações de corrupção - cada uma pode resultar em penas de até 15 anos de prisão - e por supostamente violar a lei de sigilos oficiais.
A imprensa está proibida de acompanhar as audiências em Naypyidaw e os advogados de Suu Kyi não podem falar com os jornalistas.
- Incomunicável -
Suu Kyi passou longos períodos em prisão domiciliar durante o governo militar anterior na mansão de sua família em Yangon, onde apenas acenava para milhares de pessoas reunidas do outro lado de uma cerca.
Mas o regime de Min Aung Hlaing a mantém confinada em um local não revelado da capital e os contatos com o mundo exterior se limitam a rápidos encontros com os advogados antes das audiências.
A junta também ameaçou dissolver seu partido, a Liga Nacional pela Democracia (LND), por uma suposta fraude nas eleições de 2020, que os analistas internacionais consideraram livres e justas.
Uma comissão eleitoral designada pela junta para investigar a suposta fraude deve apresentar um relatório no início de 2022, anunciou o ministério da Informação.
Nas últimas semanas, outros dirigentes da LND também foram condenados.
Um ex-ministro recebeu pena de 75 anos de prisão, enquanto uma pessoa próxima a Suu Kyi foi condenada a 20 anos.