Em Olinda, jovem morre ao tentar 'surfar' em ônibus
Após o embarque, vítima subiu na parte externa de um veículo da linha TI Xambá/Águas Compridas, mas se desequilibrou e caiu
Um jovem de 18 anos, cujo nome não foi revelado, morreu atropelado, no último sábado (30), enquanto “surfava” em um ônibus na saída de uma integração em Olinda, na Região Metropolitana do Recife.
O caso aconteceu por volta das 23h, em um veículo da linha TI Xambá/Águas Compridas, na saída do Terminal Integrado Xambá. De acordo com testemunhas, o homem se desequilibrou e caiu de cima do ônibus, em um ponto cego para o motorista.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, no entanto, o jovem já estava sem vida no momento em que os socorristas chegaram. O corpo foi velado nesta segunda-feira (2) no Cemitério de Águas Compridas.
Prática arriscada
“Surfar” nos ônibus significa subir na parte externa do veículo e simular exatamente a prática de surfe, só que utilizando o ônibus como “prancha”. Geralmente, as pessoas envolvidas nessa prática retornam ao veículo pelas saídas de emergência e ventilação.
O surfe nos ônibus foi pauta de protesto dos rodoviários recentemente. A categoria denuncia medo e insegurança no transporte coletivo da Região Metropolitana do Recife, além de condições de trabalho ruins.
O que dizem as empresas?
O LeiaJá entrou em contato com o Consórcio Grande Recife, que afirmou estar apurando o ocorrido. A empresa ressaltou que a prática é proibida, além de colocar em risco a vida do “surfista”, do motorista e dos passageiros.
Confira a nota na íntegra:
“O Grande Recife informa que está investigando as circunstâncias do acidente do último sábado (30). A prática de surfar e/ou morcegar nos ônibus do Sistema de Transporte Público de Passageiros é proibida, pois coloca em risco a vida de quem o faz e a dos demais usuários. O Consórcio informa que, segundo seu Regulamento, ao perceber essas situações, o motorista deve parar o ônibus e solicitar que a pessoa desça do veículo. Em caso de acidente, o condutor deve parar o veículo e acionar o Samu, salvo em situações em que ele se sinta ameaçado. Em caso de dúvidas ou para enviar sugestões e queixas, o usuário pode entrar em contato via Central de Atendimento ao Cliente (0800 081 0158) ou pelo WhatsApp (9.9488.3999), exclusivo para reclamações.”
A reportagem também entrou em contato com o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros (Urbana-PE). A Urbana lamentou a morte do jovem e pediu maior participação das famílias e do poder público para orientar e coibir o tipo de prática que levou à morte do rapaz no último sábado. Confira abaixo a nota completa:
“A Urbana-PE lamenta profundamente o acidente ocorrido na noite do último sábado (30), no TI Xambá, envolvendo um veículo de uma das suas associadas, a Rodoviária Caxangá. Informações iniciais apontam que o acidente ocorreu quando um jovem se pendurou na porta de um ônibus que manobrava para sair do terminal.
A Urbana-PE esclarece que as suas associadas orientam os operadores a não seguirem viagem com pessoas penduradas nas portas, nos pára-choques ou sobre os ônibus e a solicitarem apoio policial sempre que for identificado qualquer indício de atividade ou comportamento que possa comprometer a segurança dos passageiros ou motoristas. O sindicato destaca ainda que empresas do setor têm promovido campanhas e ações educativas e de conscientização sobre o correto procedimento de embarque e normas de segurança do transporte coletivo, incluindo ações de sensibilização contra o surf nos ônibus.
Para que esses esforços surtam efeito e novas fatalidades sejam evitadas, é imprescindível o apoio da população, em especial dos familiares de jovens que praticam tais atos, no sentido de orientar sobre os riscos envolvidos. Também é indispensável a atuação do poder público para coibir a prática e zelar pela segurança de todas as pessoas que fazem uso do sistema viário.
A Urbana-PE e a Caxangá se solidarizam com os parentes e amigos da vítima e se colocam à disposição das autoridades competentes a fim de prestar todos os esclarecimentos necessários e colaborar com a investigação sobre o caso”.
Por fim, o LeiaJá buscou também a Associação dos Rodoviários, mas não houve sucesso no contato. O espaço segue aberto.