Clones melhoram produção e qualidade do cupuaçu
Pesquisa da Embrapa amplia potencial econômico da fruta nos mercados nacional e internacional
Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveram uma novidade. Uma das frutas regionais mais amadas da gastronomia paraense, o cupuaçu ganhou apoio tecnológico e vem passando por um novo estágio chamado de “Kit Clonal Cupuaçu 5.0”, que já vinha sendo estudado e analisado desde 2002, época em que se deu início ao projeto. Os resultados são alta produtividade e resistência à vassoura-de-bruxa, doença muito comum na fruta.
“A partir da década de 70, os produtores, principalmente os de Tomé-Açu, começaram a empregar o cupuaçu em sistemas agroflorestais para substituir a pimenta, que estava sendo atacada por fusariose, e a partir de um tempo começaram a surgir problemas, como vassoura-de-bruxa e baixa produtividade. Na década de 80 a Embrapa começou um trabalho para desenvolver materiais que fossem resistentes a essa doença e também produtivos. Foi a partir desse momento que começamos o trabalho de seleção dos primeiros materiais para serem oferecidos aos produtores”, diz Rafael Alves, integrante da chefia adjunta de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa.
Com cinco clones, a fruta ganha uma atualização para se posicionar em um mercado que se encontra em ascensão nacional e internacional, podendo integrar a bioeconomia paraense. Rafael Alves ressalta que, a favor desse reposicionamento, está o fato de o sorvete de cupuaçu ter ganhado a premiação de melhor do país e também ter sido selecionado para representar o Brasil em um festival gastronômico internacional, na Itália.
“É uma honra que o Pará tenha fabricado um sorvete que ganhou de todos os outros do Brasil. Então, isso serve para nos indicar que a nossa bioeconomia é muito pouco explorada”, destaca o pesquisador.
A fruta produzida pela Embrapa não só apresenta bom rendimento, tanto da polpa quanto de amêndoas, como também impulsiona a produção familiar. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o cupuaçu pode ser encontrado na maioria dos 144 municípios paraenses.
A versatilidade do fruto abre portas para mercados que antes eram restritos, já que praticamente tudo do cupuaçu pode ser aproveitado. Com a polpa se produzem os mais variados tipos de guloseimas, além de sucos e licores. A casca é utilizada por artesãos paraenses para a realização dos mais variados tipos de artesanato.
Um mercado que apresenta grande potencial para o cupuaçu é o de cosméticos. As amêndoas produzem uma manteiga de qualidade superior e que já se encontra presente nas principais marcas nacionais e internacionais.
O cupuaçu também se destaca entre dez produtos como sendo um dos principais com maior potencial de exportação e agregação de valor. De acordo com a Bioeconomia da Sociobiodiversidade do Pará, em parceria com The Nature Conservancy, Banco Interamericano de Desenvolvimento e Natura, “a comercialização de 30 produtos extraídos do Estado gerou uma renda de R$ 5,4 bilhões de reais.”
Rafael Alves assinala que, embora o açaí tenha sido exportado para vários países, o cupuaçu não ganhou o mesmo impulso. “Nossa produção é muito grande, mas não temos para onde escoar pela falta de marketing, diferente do açaí, que tem um mercado muito forte”, diz.
Por Amanda Martins, Igor Oliveira e Clóvis de Senna (sob a supervisão do editor prof. Antoio Carlos Pimentel).