TRE convoca lideranças religiosas para firmar pacto de paz

O TRE-PE realizou um encontro com líderes de diversos segmentos religiosos nesta quinta-feira (18), para pedir paz nas eleições

por Alice Albuquerque qui, 18/08/2022 - 20:39
Divulgação Representantes de várias religiões em encontro no TRE-PE Divulgação

O Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) realizou, nesta quinta-feira (18), o encontro “Paz nas eleições”, com o objetivo de fortalecer um pacto pela paz e pela tolerância entre os cidadãos e eleitores. Líderes de vários segmentos religiosos participaram do encontro, como religião de matriz africana, budistas, espíritas, evangélicos, católicos, adventistas. Além disso, também foi reforçada a importância do voto e a segurança da urna eletrônica, com vários exemplos de como ela funciona e de como funciona todo o processo em torno dela. 

O desembargador e presidente do TRE-PE, André Guimarães, salientou a importância da democracia como um campo fértil de defesa das ideias, “mas nunca de forma radical, com fanatismo exagerado e intolerância”. “Os representantes sabem melhor que eu que o fanatismo e radicalismo religioso deturpa as ideias, e não é isso o que queremos. Eles não trazem harmonia social e nem traz o bem social. Estamos convictos de que as religiões têm por princípio fundamental a harmonia, fraternidade, solidariedade, e esperança”, disse. 

Ele exaltou as vantagens da que a urna eletrônica trouxe ao processo eleitoral brasileiro desde a sua implementação, há 26 anos. “Com ela, afastamos inúmeras fraudes que ocorriam no sistema anterior. Não obstante alguns ataques infundados, até agora demonstramos, há 26 anos, que utilizamos a urna eletrônica sem qualquer notícia de fraude ou impugnação ao resultado das eleições. O povo confia na urna eletrônica e os políticos que participam do processo também. Nada temos que mudar, só aprimorar cada vez mais”, pontuou, em referência a falsa propagação do presidente Bolsonaro (PL) sobre a garantia e segurança da urna eletrônica. 

 

Abordagem dos templos

O pastor da 2º Igreja Batista do Ibura, na comunidade do Ibura de baixo, Benilton Custódio, questionado sobre como evitar a orientação de voto pelos líderes religiosos, explicou que “não trabalhamos dessa forma”. “A gente procura manter o papel da igreja de estar ensinando, doutrinando, no sentido do que é o propósito e a proposta da igreja para a sociedade. Logicamente, não costumamos abrir espaço para que as pessoas utilizem nossos púlpitos para pedir voto e nem tampouco indicamos, mas não ficamos fora do processo eleitoral, já que fazemos parte da sociedade. No entanto, entre os representantes e os fiéis, cada um tem o direito de escolher aquele candidato que tem uma proposta que se identifique”, pontuou. 

Por sua vez, o pastor da Universal e integrante da coordenação da União Nacional das Igrejas de Pastores Evangélicos do Brasil, Elenilson de Brito, defendeu que “cada mente é um mundo”. “Cabe a cada um de nós, respeitar o espaço do outro. Eu posso ter uma pessoa que é o meu favorito, mas eu não posso, jamais, induzir ou obrigar alguém a seguir o que eu quero. Nós sabemos que a posição que tomamos vai nos trazer paz ou não; toda paz passa primeiro por uma decisão, e assim também vai ser na política.”, afirmou. 

“Eu respeito o espaço de cada pessoa independente do que seja. No universo evangélico da igreja, temos diversas pessoas, diversos pensamentos, e cada um tem o desejo a quem vai apoiar e ao que vai fazer. Nós simplesmente fazemos o nosso papel que é pregar a palavra de Deus”, explanou.

Já sobre a tentativa de não ultrapassar o limbo entre o conservadorismo e a intolerância,  Benilton Custódio disse, sobre a intolerância, que “são questões que, às vezes, são criadas por um grupo de pessoas e a gente não pode apontar”. “Respeitamos o direito do próximo. Você tem o direito e a liberdade de escolher o que você quer, tem alguns princípios que não negociamos, como a questão bíblica e os ensinamentos. Com relação à tolerância, a gente respeita, temos relacionamentos e contatos com várias pessoas, independente de cor, raça, opção sexual (o que às vezes bate muito hoje em dia). Respeitamos porque é um direito, eu não posso impor e nem tampouco querer que seja importo na minha vida”, contou, ao justificar que “a gente só pode responder diretamente por nós”. 

O pastor Elenilson, no entanto, afirmou que “aquilo o que a pessoa decidiu ser, se ela me respeita por onde eu vou, eu respeito ela por onde ela vai”. “Que haja mudança dentro da coerência aonde eu te respeito e você me respeita. É isso o que a bíblia ensina”. 

 

COMENTÁRIOS dos leitores