Polícia investiga trote que deixou aluno em coma em MG
Após 16 dias internado, o aluno trancou a matrícula e sofre com crises de ansiedade
A Polícia Civil investiga um trote que teria deixado em coma um estudante de Engenharia da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em Minas Gerais. O estudante foi socorrido e, de acordo com familiares, o médico teria apontado indícios de abuso sexual.
"Ele bebeu copos americanos, três copos americanos, cheios de cachaça, de pinga. Três copos americanos cheios de molho com óleo, molho de pimenta com molho shoyu. Eles deram um banho nele com balde de água gelada com pó de café. Apagou após o banho gelado e entrou em coma", relatou a mãe Regina Araújo ao Jornal Nacional.
Ayrton Almeida é natural do Maranhão e voltou para casa após receber alta do hospital. Ele deu entrada na UPA com sintomas de embriaguez e o próprio médico acionou a Polícia por conta do seu estado grave.
O boletim de ocorrência consta que o estudante foi socorrido por colegas e que um deles confirmou o consumo de bebida alcoólica. Em seguida, ele foi encaminhado à Santa Casa da cidade, onde foi intubado. Ayrton passou 16 dias internado, sendo oito na UTI.
A mãe do aluno conta que o filho enfrentou meses da "batalha", período em que os calouros passam por testes, tarefas e desafios para provar que merecem ficar em uma das repúblicas. Ayrton estava na República Sinagoga e teve a aprovação coroada com uma festa, a qual saiu em coma.
“Eu não consigo mais voltar a falar. Até porque não vai ser confortável para mim, tanto emocionalmente como fisicamente. A gente é obrigado a passar por cada humilhação, e eles acham normal, eles normalizam. Fiquei decepcionado, e também decepcionado pela gestão. Eu quero que a UFOP tome atitudes, providências. Eu quero justiça. Não é o primeiro caso, são vários casos”, contou o estudante de engenharia.
De volta ao Maranhão, ele trancou a matrícula e, segundo familiares, sofre com crise de ansiedade, queda de cabelo, problema cardíaco e perda de movimento de um pé.
A República Sinagoga não reconhece os fatos narrados pela família do estudante e reforça que prestou todo apoio. A UFOP instaurou uma comissão disciplinar e encaminhou o jovem para acompanhamento. A instituição ainda reiterou que o trote pode levar a advertência, suspensão ou desligamento dos estudantes envolvidos.