Líderes mundiais começam a chegar para cúpula do G20
O encontro terá como aperitivo o primeiro encontro bilateral, como presidentes, do americano Joe Biden e do chinês Xi Jinping
Os líderes das principais economias mundiais começaram a chegar neste domingo (13) à ilha indonésia de Bali para a cúpula do G20, que terá como aperitivo o primeiro encontro bilateral, como presidentes, do americano Joe Biden e do chinês Xi Jinping.
O avião presidencial Air Force One aterrissou pouco antes das 22h locais (11h em Brasília) no aeroporto internacional de Denpasar, procedente do Camboja, onde participou da cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).
Da capital cambojana, Phnom Penh, Biden afirmou que o encontro buscará estabelecer as "linhas vermelhas" nas relações cada vez mais espinhosas com a China. Ele também celebrou o resultado das eleições de meio de mandato nos Estados Unidos.
"Eu me sinto bem e com expectativa para os próximos dois anos", declarou, assegurando que, depois disso, chega politicamente "mais forte" à reunião com seu homólogo chinês, Xi Jinping.
À sua frente, ele terá, por sua vez, um Xi também mais fortalecido após obter um histórico terceiro mandato, no mês passado, para comandar o país, consolidando-se como o líder chinês mais poderoso desde Mao Tsé-Tung. Na mesa, há uma agenda com diferentes disputas: da rivalidade comercial à questão dos direitos humanos na China, passando pelo "status" de Taiwan.
Biden espera "sair do encontro com áreas, nas quais os dois países e os dois presidentes e suas equipes possam trabalhar de forma cooperativa", disse seu conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan.
Putin ausente
A reunião bilateral entre os líderes das duas maiores potências mundiais antecederá a primeira cúpula pós-pandemia deste bloco que representa mais de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e 75% do comércio internacional.
A Indonésia receberá 17 chefes de Estado e de governo. O presidente russo, Vladimir Putin, estará representado por seu ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.
O Kremlin alegou "problemas de agenda", mas a decisão permite proteger Putin das críticas e do ostracismo dos países ocidentais pela guerra na Ucrânia que, apesar de não estar na agenda, dominará a reunião.
A invasão desencadeou um aumento nos preços de alimentos e de energia que afetou ricos e pobres no G20.
Como país anfitrião, a Indonésia se mostrou neutra, ao convidar Putin e o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky. Este último participará por videoconferência.
Todos os encontros anteriores terminaram sem uma declaração conjunta, devido às discrepâncias geopolíticas. Nesse sentido, as esperanças de reverter a tendência na cúpula dos líderes são escassas.
"Honestamente, acho que a situação global nunca foi tão complexa", reconheceu um ministro do governo indonésio, Luhut Binsar Pandjaitan.
Escassa presença latino-americana
O presidente argentino, Alberto Fernández, que chegará na segunda-feira procedente do Fórum de Paris sobre a Paz, disse que pretende promover o diálogo entre Moscou e Kiev em Bali para acabar com a "indecência" da guerra.
O diálogo é "entre Ucrânia e Rússia", mas a solução deve ser global e fora da lógica dos blocos, destacou em entrevista coletiva.
"Quero que a Argentina esteja sentada nessa mesa de resolução", acrescentou.
O argentino se reunirá com Xi Jinping, pela segunda vez este ano, e com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, com quem quer tratar da questão das "sobretaxas" da dívida.
Fernández será o único líder latino-americano na cúpula, devido à ausência do brasileiro Jair Bolsonaro, que em janeiro entregará a presidência a Luiz Inácio Lula da Silva, assim como do mexicano Andrés Manuel López Obrador. Ambos serão representados por seus ministros das Relações Exteriores.
"O G20, embora em algumas ocasiões no passado tenha se tornado relevante para os países da região, historicamente não tem desempenhado um papel importante" na América Latina, disse à AFP Parsifal D'Sola, diretor do Centro de Pesquisa Sino-Latino-Americano da Fundação Andrés Bello.
"Mesmo nos períodos em que os países-membros tiveram maior atividade internacional, não foi um fórum representativo para temas de natureza latino-americana", acrescentou o analista.