Pais sabiam que autor de atentado queria fazer uma chacina

Eles foram informados sobre o comportamento do garoto em reunião com a diretora da antiga escola

dom, 02/04/2023 - 14:31
Reprodução/Google Street View Escola onde ocorreu o atentado Reprodução/Google Street View

Os pais do estudante de 13 anos que matou a professora Elisabeth Tenreiro, de 71, a facadas ao invadir uma escola sabiam que o filho tinha “interesse em realizar uma chacina” um mês antes do atentado, segundo o Metrópoles. O crime aconteceu na manhã da última segunda-feira (27), na Escola Estadual Thomázia Montoro, na Vila Sônia, Zona Oeste de São Paulo. Outras três professoras e um aluno ficaram feridos. 

O autor do ataque foi apreendido pela Polícia Militar e internado provisoriamente por decisão da Justiça. 

A ata da reunião escolar do dia 23 de fevereiro mostra que o pai e a mãe do adolescente foram à Escola Estadual José Roberto Pacheco, onde o filho estudava na época, a pedido da diretoria do colégio, de acordo com o Metrópoles. Os pais assinaram um termo confirmando que estavam cientes do comportamento do filho. 

Funcionários da escola disseram à polícia que a reunião foi pelo “comportamento suspeito” do garoto, que já havia ameaçado de morte um colega de sala pelo WhatsApp, no dia 7 de fevereiro, e também tentou extorqui-lo. 

A mãe da vítima teve acesso às mensagens uma semana depois, no dia 14 de fevereiro, e comunicou as conversas à escola. 

Ainda segundo relatos, o jovem teria enviado outras mensagens suspeitas a uma colega no dia 21 de fevereiro, no feriado de Carnaval. Ele perguntou se a estudante conseguiria arrumar um isqueiro e gasolina, mas não deu detalhes do que pretendia fazer com os objetos. 

 

Conhecimento

A ata da reunião enviada à polícia mostra que a diretora da escola Kelly Salerno afirmou que o menor havia compartilhado fotos que faziam apologia a atentados em escolas e imagens em que segurava armas de fogo a outros colegas. “A gestora explicou sobre os últimos eventos. No primeiro deles, [o menor] manifestou interesse em realizar uma chacina e compartilhou fotos que enaltecem essa ação. O pai disse que tem uma arma em casa, que [o adolescente] tem Airsoft e que todas as fotos mostradas foram tiradas na casa da avó”, diz a ata enviada à polícia. 

O pai do menino teria reagido às informações repassadas pela diretora com indiferença, segundo relatos dos funcionários, e disse que esse comportamento do filho era “normal”. O casal chegou a relatar um episódio no qual o menor teria sido espancado quando tinha 11 anos, no antigo colégio em que estudava e, de acordo com eles, o filho nunca mais foi o mesmo desde então. 

À polícia, o aluno disse que planejava o ataque há dois anos, inspirado no Massacre de Suzano, que aconteceu em São Paulo, em 2019. Ele também relatou ter sofrido bullying na escola onde estudou e que já tinha até pensado em matar o próprio pai porque apanhava dele. 

O colégio chegou a solicitar que os pais o levassem para um exame no Centro de Atenção Psicossocial Infantil (Caps), de Taboão da Serra, e apresentassem um atestado de que ele teria condições psiquiátricas de continuar na escola. Os pais apresentaram um laudo preliminar de uma triagem feita no Caps três dias depois da conversa na escola, pedindo que o filho retomasse os estudos. Então, o pai teria ficado irritado com a negativa do colégio e pedido que o adolescente fosse transferido para outra escola. 

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