Donos de berçário são acusados de torturar crianças no MT

Há relatos de mordidas, sufocamentos, golpes com raquetes, tapas nas nádegas e na boca, puxões, empurrões e beliscões

por Guilherme Gusmão ter, 25/04/2023 - 17:12
Policia Civil/Divulgação Viatura da Polícia Civil Policia Civil/Divulgação

A Polícia Civil do estado do Mato Grosso indiciou um casal dono de um berçário e hotel infantil do município de Sorriso, pelos crimes de tortura e castigo contra crianças da instituição. O inquérito policial foi concluído e encaminhado na última segunda-feira (24).

Segundo a delegada Jéssica Assis, do Núcleo de Atendimento à Mulher, Criança e Idoso da cidade, os donos do berçário foram presos preventivamente e são investigados por maus-tratos, ameaça, tortura e omissão contra pelo menos oito crianças, de idades enfre zero a cinco anos.

Além disso, testemunhas e uma das crianças relataram para os agentes, a existência de um “cantinho do pensamento”, que consistia em um corredor escuro, que dava acesso ao quarto da proprietária, onde ela trancava as crianças que "se comportavam mal".

Os investigadores destacaram dois episódios em que a dona da instituição teria esfregado a calcinha e fraldas sujas de fezes nos rostos das vítimas como forma de punição por defecarem nas roupas.

Outro caso que chamou a atenção da investigação foi o de um bebê de 1 ano e 6 meses que teria sido amarrado em um tronco de uma árvore e deixado no sol por horas até adormecer. Em outra situação, uma criança de quase dois anos de idade foi imobilizada para que parasse de chorar. A investigada colocou o joelho no peito da menina como tentativa de fazê-la parar de chorar.

Nove ex-funcionários denunciaram à polícia cenas de violências que ocorriam no berçário, como mordidas, sufocamentos, tapas nas nádegas e na boca, puxões, golpes com raquetes, empurrões e beliscões.

As testemunhas ainda informaram que eram ameaçadas pelo casal. O uso de celulares era proibido no local. Os ex-funcionários disseram à polícia que, como não tinham provas, tinham medo de denunciar.  Quando os pais questionavam as marcas nos corpos dos filhos, o casal colocava a culpa dos sinais das agressões nas outras crianças.

"Os donos estavam convictos nas manipulações que faziam com os pais das vítimas e seguros de que não seriam descobertos porque a maior parte das crianças sequer conseguia falar, já que eram bebês", disse a delegada responsável pelo caso.

O casal está preso em unidades prisionais da região norte do estado, e as investigações continuam para que os outros pais possam procurar as autoridades, e assim, denunciar os criminosos.

COMENTÁRIOS dos leitores