Surto de Guillain-Barré no Peru não deve afetar o Brasil
Ministério da Saúde diz que com o fato de a SGB não ser transmissível de pessoa para pessoa, o risco de um possível surto no País, como ocorre na nação vizinha, é baixo
O surto de Síndrome de Guillain-Barré (SGB) que atinge o Peru, onde quatro pessoas morreram por conta da doença este ano e outras 31 seguem internadas, não deve afetar o turismo, o comércio e a circulação de pessoas no Brasil, afirmou o Ministério da Saúde em nota técnica desta segunda-feira (10). A pasta diz que com o fato de a SGB não ser transmissível de pessoa para pessoa, o risco de um possível surto no País, como ocorre na nação vizinha, é baixo.
No Peru, os adoecidos pela Síndrome de Guillain-Barré aumentaram em 2023. Neste ano, o país já registrou 182 casos confirmados da doença. Destes, quatro pessoas morreram, 31 estão internados e 147 receberam alta hospitalar. A situação levou o governo local a declarar emergência sanitária por 90 dias, por meio de decreto emitido no último sábado (8).
"Com relação ao evento de aumento de casos de SGB no Peru e a declaração de emergência pelo governo Peruano, considera-se baixo o risco em nível nacional, considerado principalmente que a doença não é transmissível de pessoa para pessoa, com base nas informações disponíveis. Desta forma, não há risco significativo de restrição de turismo, comércio e/ou circulação de pessoas", disse o Ministério da Saúde em nota técnica.
A avaliação é feita com base em critérios de probabilidade de ocorrência do evento no País, somado aos impactos na saúde humana e sociais, também na capacidade de resposta à doença com base nas informações e evidências disponíveis. A nota foi emitida pelo Departamento de Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente.
Mas não é a primeira vez que os peruanos sofrem com o crescimento de diagnósticos da SGB. Em 2019, o país andino notificou 900 casos para a doença, com uma queda abrupta nos anos seguintes (em 2021e 2022 não foram registrados mais de 225 casos).
A Síndrome de Guillain-Barré pode ocorrer por infecção bacteriana ou viral aguda, que afeta o sistema nervoso periférico. Seus sintomas incluem fraqueza e formigamento nos pés e nas pernas que, posteriormente, se estendem para a parte superior do corpo entre duas quatro semanas. Em casos extremos, a doença pode provocar paralisia. A SGB é, inclusive, a causa mais comum de paralisia flácida no mundo.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), trata-se de "distúrbio pelo qual o sistema imunitário do próprio corpo ataca parte do sistema nervoso periférico". Esses nervos periféricos controlam os músculos do corpo, por isso os sintomas na mobilidade.
Cerca de 75% dos casos de Síndrome de Guillain-Barré são desencadeados por um processo infeccioso. O mais comum se acontece por meio da bactéria Campylobacter jejuni. Agentes etiológicos como os vírus que da Zika, dengue e chikungunya, entre outros, também podem estar associados a casos de SGB. Por essa razão, segundo a OMS, países tropicais, como o Peru e Brasil, têm maiores chances de registrar quantidades elevadas de infectados.
Colaborou Giovanna Castro.