Kibutz cura suas feridas após ataque do Hamas
As armas dos comandos palestinos seguem entre os escombros, e as casas estão destruídas
O kibutz de Beeri, local de um dos piores massacres cometidos pelos comandos do Hamas que entraram no território de Israel no último dia 7, cura suas feridas e pede segurança.
Essa cooperativa agrícola localizada no sul de Israel fica a 4 km da fronteira com a Faixa de Gaza, de onde integrantes do movimento islamita palestino lançaram seu ataque. Segundo um balanço da ONG Zaka, que participou do recolhimento de corpos, mais de 100 habitantes morreram no ataque, o que representa cerca de 10% da sua população.
De acordo com Romy Gold, um dos poucos moradores do kibutz que a AFP encontrou nesta sexta-feira (20), durante uma breve visita de jornalistas a essa área militar fechada, 108 pessoas morreram.
Juntamente com o kibutz Kfar Aza e o local onde acontecia uma rave, Beeri foi um dos locais que registraram o maior número de vítimas do ataque do Hamas, que deixou mais de 1.400 mortos do lado israelense, a maioria civis que foram baleados, queimados vivos ou mortos por mutilação.
Em Beeri, onde viviam 1.100 pessoas, os homens do Hamas "atiraram em todos, assassinaram crianças, bebês e idosos, todos a sangue frio", contou o porta-voz da ONG Zaka, Moti Bujkin, três dias após o ataque. Vários moradores foram sequestrados e estão entre os mais de 200 reféns israelenses ou estrangeiros levados para a Faixa de Gaza.
- Dez horas -
O ex-paraquedista Romy Gold, 70, que lutou na guerra árabe-israelense de 1973, assistirá neste domingo ao funeral de cinco membros de uma mesma família. “Não tenho certeza se algum de nós está em condição de entender o que aconteceu”, diz, armado com um fuzil. Por enquanto, ele pode retornar vez ou outra ao kibutz.
As armas dos comandos palestinos seguem entre os escombros, e as casas estão destruídas. Gold lembra que deram o alerta quando os homens do Hamas ultrapassaram a cerca de segurança. Em seguida, ele foi dar apoio aos dez moradores responsáveis pela segurança da comunidade.
"A equipe de emergência foi formada para sobreviver entre meia hora e uma hora, até o Exército tomar o controle. Durou dez horas e ficamos sem munição", contou Gold.
Do lado do Hamas, "eram 150, atirando com metralhadoras, lançando granadas. De alguma forma, alguns de nós sobreviveram. À nossa volta, famílias inteiras foram fuziladas, massacradas ou queimadas vivas", descreveu o ex-paraquedista.
Do grupo de defensores, cinco morreram e outros ficaram gravemente feridos. Segundo o Exército de Israel, dezenas de homens do Hamas foram mortos ou feitos prisioneiros em Beeri.
Gold defende uma invasão terrestre da Faixa de Gaza por tropas israelenses "o quanto antes". “Seja quem for que tenha cometido isso, não deveria nunca ser libertado, deve ser castigado."
Os bombardeios de represália à Faixa de Gaza realizados por Israel já mataram 4.385 palestinos, incluindo 1.756 crianças, segundo o balanço mais recente do Ministério da Saúde do Hamas. Trata-se da campanha militar israelense mais letal contra Gaza desde a retirada de suas tropas, em 2005.