Identificar AVC em pessoas com comorbidades é mais difícil
O derrame se apresenta de forma súbita e muitas vezes dá sinais semelhantes a doenças que o paciente já tem
Uma em cada quatro pessoas com mais de 35 anos vai sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) na vida. É o que diz a Organização Mundial da Saúde (OMS), que também alerta para a atenção aos fatores de risco e às formas de identificar o popular derrame.
O AVC acontece quando o fluxo de sangue que vai para o cérebro é obstruído. Ele pode ser isquêmico, quando os vasos sanguíneos são obstruídos, ou hemorrágico, quando há o rompimento de um desses vasos. Apesar de mais de 60% dos casos ocorrer em pessoas com menos de 70 anos, qualquer faixa etária está suscetível à doença considerada uma das maiores causas de morte e incapacidade do mundo.
A ocorrência de um derrame é súbita e repentina. Por isso, é importante ficar atento aos primeiros sinais do AVC, como perda da força de um dos lados do corpo, perda da visão de um ou de ambos os olhos, incoordenação motora, vertigens, alteração na fala e dor de cabeça intensa.
Muitas vezes, pessoas idosas ou com outras comorbidades semelhantes aos sinais do AVC dificultam o diagnóstico prévio. Nesse sentido, o neurologista Eduardo Maranhão entende que o caso é mais desafiador, contudo, orienta que os familiares observem os detalhes sutis da doença.
"Em pacientes com graves incapacidades de base, por exemplo, os acamados com quadros demenciais avançados, pode ser mais desafiador o diagnóstico. Portanto, deve ter atenção a detalhes sutis do paciente, por exemplo, a parada repentina de verbalização ou prejuízo importante na compreensão da fala ou o simples movimento não mais realizado de levar o alimento à boca por alguma das mãos", observou o médico.
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A recomendação é levar o paciente para realizar uma avaliação especializada no hospital ou acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) diante dos primeiros sintomas.
Além das particularidades do AVC isquêmico e hemorrágico, o derrame também se diferencia quanto à gravidade. "É possível também diferenciar os casos em leves ou graves pela extensão da região acometida e pela eloquência da área lesada. Isso sendo feito tanto pela clínica que o paciente se apresenta na admissão como pelos exames de imagens", complementou Maranhão.
A estimativa é que mais de 12 milhões de pessoas no mundo tenham um AVC este ano e que 6,5 milhões morram como resultado. Assim, a prevenção depende do autocuidado através do controle da hipertensão, dieta balanceada e da atividade física, e com o fim de hábitos ruins para a saúde, como o tabagismo.
Aos pacientes que sofreram AVC, Eduardo Maranhão ressalta a importância da reabilitação precoce e do apoio familiar.
“Isso só é possível com uma equipe multidisciplinar capacitada e trabalhando junta, contando com a presença de entre outros profissionais de fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, médicos fisiatras. Somando ao sinergismo dos familiares em estarem também motivados a ajudar o paciente”, resumiu o neurologista.