As redes sociais como aliadas políticas

Twitter, Facebook, Flickr e Tumblr, se bem usadas, podem aproximar o candidato do eleitor e ser um dos fatores que o levam à vitória nas eleições

dom, 29/04/2012 - 12:50
Reprodução/Twitter Pré-candidatos à Prefeitura do Recife usam redes sociais, mas não com tanta intensidade Reprodução/Twitter

As eleições americanas em 2008 mostraram ao mundo que as redes sociais, se bem usadas, podem se transformar em poderosas ferramentas de marketing, sendo verdadeiras aliadas dos políticos durante a campanha. O então candidato Barack Obama fez uso, na medida certa, das mais diversas ferramentas, criou e atualizou bem suas contas do Twitter, Facebook, MySpace e Flickr, e os resultados acabaram sendo favoráveis em sua condução à Casa Branca.

No Brasil, a presidente Dilma Rousseff (PT), também investiu - enquanto candidata em 2010 - nas redes sociais e também colheu os resultados positivos da utilização das ferramentas. A sensação de proximidade, de contato mais íntimo com o político pode ser decisivo para o eleitor na hora do voto, conforme afirmam especialistas em marketing político.

Um recente estudo, intitulado “Influenciadores do G20”, divulgado pela agência de relações públicas Burson-Marsteller e pela empresa de análise de redes sociais Klout, revela que o perfil de Dilma no Twitter está em 2° lugar no ranking dos mais influentes em assuntos políticos no Brasil. O perfil da presidente só fica atrás do jornalista Lauro Jardim.

Para os especialistas, o fato é intrigante, uma vez que a presidente Dilma não utiliza a ferramenta desde 2010. “A falta de uso mostra uma total descontinuidade de relacionamento após o período eleitoral. Em 13 de dezembro de 2010 a já presidente eleita disse que o contato via Twitter seria mantido”, diz o estrategista de marketing digital, Gabriel Rossi.

Diante do estranhamento que o resultado do levantamento causou na Web, a agência Burson-Marsteller se apressou em soltar uma nota. “Foi feito com base na metodologia do Klout, que mede diversas variáveis do Twitter, não apenas a atividade dos posts e o número de seguidores. Entre elas estão o alcance, a amplificação e o impacto da rede de seguidores”, reforça o estrategista.

Apesar das explicações feitas pela Burson-Marsteller, Rossini diz que é um equívoco não mensurar a interação, completamente ausente no caso de Dilma. “É assim que medimos a satisfação dos internautas. A primeira mulher a assumir a presidência do Brasil poderia aproveitar sua popularidade e mudar esta postura, dando um exemplo para os governantes de todo o mundo, fazendo da rede social um importante canal de comunicação com a população que representa”, avalia.

 

Debate local - Mais uma disputa municipal se aproxima no País, com candidatos tentando se eleger, ou se reeleger, em cargos proporcionais ou majoritários. De olho no eleitorado da capital pernambucana, o pré-candidato à Prefeitura do Recife, pela corrente petista Construindo um Novo Brasil (CNB), Maurício Rands, mantém contas nas redes sociais. Rands diz que “gosta” do contato com a população através das ferramentas, mas que procura balancear esta relação com os contatos diretos e com os eleitores. “Faço uma analogia do contato através das redes sociais e contatos diretos com a democracia participativa e a democracia representativa: as duas são necessárias, se complementam”, frisa Rands.

O deputado federal peemedebista e pré-candidato à Prefeitura do Recife, Raul Henry, também procura não se manter “escravo” das redes sociais. “Procuro ter o contato com a população através delas, mas não quero me tornar um escravo. Vejo deputados que ficam o tempo todo no Twitter. Alguns ficam no Congresso trocando farpas com outros deputados que também estão no local, através do Twitter”, pontuou. Henry também lembrou a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que proibe propaganda eleitoral via Twitter antes do dia 6 de julho. A desobediência pode acarretar em multa que varia de R$ 5 mil a R$ 30 mil.

 

Apesar desta perspectiva, o pouco uso das redes sociais por políticos brasileiros foi um dos dados apontados no estudo “Influenciadores do G20”.  Segundo o levantamento, alguns dos políticos mais importantes do Brasil não estão tirando proveito das redes sociais como ferramenta de comunicação estratégica. “Twitter e Facebook são vias de duas mãos. Ao mesmo tempo em que o candidato pode apresentar projetos e plataformas políticas nestas redes sociais, precisa enxergar a vantagem estratégica de utilizá-las como um termômetro dos anseios da população e de como melhorar sua imagem junto ao eleitorado. O segredo é entender bem o comportamento do cidadão na Web e desenvolver táticas específicas que maximizem seu potencial na internet”, complementa Gabriel Rossini.

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