As redes sociais como aliadas políticas
Twitter, Facebook, Flickr e Tumblr, se bem usadas, podem aproximar o candidato do eleitor e ser um dos fatores que o levam à vitória nas eleições
As eleições americanas em 2008 mostraram ao mundo que as redes sociais, se bem usadas, podem se transformar em poderosas ferramentas de marketing, sendo verdadeiras aliadas dos políticos durante a campanha. O então candidato Barack Obama fez uso, na medida certa, das mais diversas ferramentas, criou e atualizou bem suas contas do Twitter, Facebook, MySpace e Flickr, e os resultados acabaram sendo favoráveis em sua condução à Casa Branca.
No Brasil, a presidente Dilma Rousseff (PT), também investiu - enquanto candidata em 2010 - nas redes sociais e também colheu os resultados positivos da utilização das ferramentas. A sensação de proximidade, de contato mais íntimo com o político pode ser decisivo para o eleitor na hora do voto, conforme afirmam especialistas em marketing político.
Um recente estudo, intitulado “Influenciadores do G20”, divulgado pela agência de relações públicas Burson-Marsteller e pela empresa de análise de redes sociais Klout, revela que o perfil de Dilma no Twitter está em 2° lugar no ranking dos mais influentes em assuntos políticos no Brasil. O perfil da presidente só fica atrás do jornalista Lauro Jardim.
Para os especialistas, o fato é intrigante, uma vez que a presidente Dilma não utiliza a ferramenta desde 2010. “A falta de uso mostra uma total descontinuidade de relacionamento após o período eleitoral. Em 13 de dezembro de 2010 a já presidente eleita disse que o contato via Twitter seria mantido”, diz o estrategista de marketing digital, Gabriel Rossi.
Diante do estranhamento que o resultado do levantamento causou na Web, a agência Burson-Marsteller se apressou em soltar uma nota. “Foi feito com base na metodologia do Klout, que mede diversas variáveis do Twitter, não apenas a atividade dos posts e o número de seguidores. Entre elas estão o alcance, a amplificação e o impacto da rede de seguidores”, reforça o estrategista.
Apesar das explicações feitas pela Burson-Marsteller, Rossini diz que é um equívoco não mensurar a interação, completamente ausente no caso de Dilma. “É assim que medimos a satisfação dos internautas. A primeira mulher a assumir a presidência do Brasil poderia aproveitar sua popularidade e mudar esta postura, dando um exemplo para os governantes de todo o mundo, fazendo da rede social um importante canal de comunicação com a população que representa”, avalia.
Debate local - Mais uma disputa municipal se aproxima no País, com candidatos tentando se eleger, ou se reeleger, em cargos proporcionais ou majoritários. De olho no eleitorado da capital pernambucana, o pré-candidato à Prefeitura do Recife, pela corrente petista Construindo um Novo Brasil (CNB), Maurício Rands, mantém contas nas redes sociais. Rands diz que “gosta” do contato com a população através das ferramentas, mas que procura balancear esta relação com os contatos diretos e com os eleitores. “Faço uma analogia do contato através das redes sociais e contatos diretos com a democracia participativa e a democracia representativa: as duas são necessárias, se complementam”, frisa Rands.
O deputado federal peemedebista e pré-candidato à Prefeitura do Recife, Raul Henry, também procura não se manter “escravo” das redes sociais. “Procuro ter o contato com a população através delas, mas não quero me tornar um escravo. Vejo deputados que ficam o tempo todo no Twitter. Alguns ficam no Congresso trocando farpas com outros deputados que também estão no local, através do Twitter”, pontuou. Henry também lembrou a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que proibe propaganda eleitoral via Twitter antes do dia 6 de julho. A desobediência pode acarretar em multa que varia de R$ 5 mil a R$ 30 mil.
Apesar desta perspectiva, o pouco uso das redes sociais por políticos brasileiros foi um dos dados apontados no estudo “Influenciadores do G20”. Segundo o levantamento, alguns dos políticos mais importantes do Brasil não estão tirando proveito das redes sociais como ferramenta de comunicação estratégica. “Twitter e Facebook são vias de duas mãos. Ao mesmo tempo em que o candidato pode apresentar projetos e plataformas políticas nestas redes sociais, precisa enxergar a vantagem estratégica de utilizá-las como um termômetro dos anseios da população e de como melhorar sua imagem junto ao eleitorado. O segredo é entender bem o comportamento do cidadão na Web e desenvolver táticas específicas que maximizem seu potencial na internet”, complementa Gabriel Rossini.