O baixo nível do guia de vereadores
A propaganda eleitoral gratuita iniciou nesta terça-feira (21)
O início do programa eleitoral gratuito na TV sempre traz a impressão geral de que é baixo o nível dos candidatos às câmaras municipais. Personagens caricatos, falas grotescas, propostas ridículas e aquele desfile de ansiedade e poses forçadas garantem o argumento aos críticos e a ironia dos que conseguem se divertir com a propaganda tragicômica.
Mas o baixo nível não é apenas dos candidatos – ou não é essencialmente deles. O baixo nível é do modelo de propaganda eleitoral que privilegia a cacofonia. A quantidade de candidatos é desproporcional ao tempo de veiculação de cada partido ou coligação, e sempre há mais gente para falar do que tempo de TV para repartir.
Para piorar o quadro, os candidatos majoritários aproveitam a confusão dominante para transformar o diminuto espaço de exposição dos candidatos a vereador em espaços de apoio compulsório a seus nomes. Aqueles que detêm coligações maiores veem assim, a repetição exaustiva de suas fotos e números, subvertendo a finalidade daquele tempo que deveria ser dedicado aos postulantes ao Parlamento.
O modelo está equivocado, e isso é evidente. Os partidos tendem a concentrar esforços nos candidatos com maior chance, mas mesmo assim a pulverização é tamanha que todos terminam engolidos pela proliferação de vozes e faces. Ao eleitor que não conheça nenhum deles, fica difícil a tarefa de escolher um naquele palheiro.
Melhor seria utilizar o horário de TV para qualquer outra coisa, e inventar uma maneira radicalmente diferente de buscar a apresentação desses candidatos. Quem sabe por meio da internet, num grande portal patrocinado pelo TSE, em que o cidadão pudesse conhecer a fundo cada um deles, dentro do tempo de que dispusesse.
O baixo nível do Guia de Vereadores não é só uma afronta à inteligência do eleitor. É também uma prova do baixo nível criativo de nosso modelo eleitoral.