Cavendish poderá ficar em silêncio na CPMI do Cachoeira

Ex-presidente da empreiteira Delta impetrou habeas corpus no STF pedindo para não comparecer à comissão

seg, 27/08/2012 - 10:20

Brasília - Na agenda da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira estão marcados para esta semana os dois depoimentos mais aguardados desde o retorno do recesso parlamentar. Mas, o mais esperado deles pode não acontecer. É que Fernando Cavendish, ex-presidente da empreiteira Delta, empresa apontada como principal braço do esquema ilegal de Cachoeira, impetrou habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo para não comparecer à comissão.

Cavendish foi convocado para quarta-feira (29). Se o STF atender ao pedido dele, Cavendish poderá ficar em silêncio diante da CPMI e não assinará o termo de compromisso em dizer a verdade. A Delta é atualmente uma das maiores construtoras do Brasil, maior detentora de contratos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). De acordo com as investigações da Polícia Federal, a empresa repassou R$ 413 milhões, dos R$ 4 bilhões de contratos como governo, para empresas de fachada ligadas a Carlinhos Cachoeira.

Na quarta também deve depor o engenheiro Paulo Vieira de Souza, mais conhecido como Paulo Preto. Ele é ex-diretor da empresa Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), do governo de São Paulo, e acusado de atuar junto ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) em busca de recursos para a campanha do ex-governador José Serra (PSDB) à Presidência da República.

Antes disso, nesta terça-feira (28), quem se apresentará à comissão será o ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot, que afirmou estar disposto a colaborar. Ele deixou o Dnit no ano passado, após denúncias de irregularidades. Ele atribui a saída à pressão exercida pelo grupo de Cachoeira para defender os interesses da Delta.

No mesmo dia, será ouvido o empresário Adir Assad, dono das empresas JSM Terraplenagem e SP Terraplenagem, entre outras, apontadas como ‘laranjas’ do suposto esquema Delta/Cachoeira. Ele também impetrou habeas corpus no STF e poderá ficar em silêncio.

CPMI

O atual rito adotado pela comissão é o de liberar os depoentes que apresentem o habeas corpus, procedimento bastante criticado pelos parlamentares que integram a CPMI. Para eles, a opção de permanecer calados já aponta uma suposta ligação com a organização criminosa, visto que há um pacto de silêncio entre eles. O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), acredita que essa também será a estratégia de Cavendish. "Provavelmente não vai falar, porque agora virou daqueles que se comportam como uma máfia. É o silêncio absoluto, negociado, articulado com Carlinhos Cachoeira, com todos aqueles que estão trabalhando com o mesmo objetivo: de não falar nada para esconder o que tem atrás disso”, frisou.

Para o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), não há dúvida de que Cavendish está ligado a Cachoeira e essa será a chance de ele se defender das acusações. "Ele é sim vinculado à organização. Terá oportunidade, no seu depoimento, de dar informações que nos convençam de maneira contrária, na medida em que estamos em uma fase preliminar do inquérito parlamentar”, salientou.

Com informações da Agência Câmara.

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