Aliados impedem depoimento de envolvidos na Porto Seguro
Os aliados da presidente Dilma Rousseff cumpriram o roteiro e o governo manteve o controle, nesta quarta-feira, das votações dos requerimentos de convocação dos servidores e ex-servidores públicos envolvidos nas investigações da Polícia Federal. A operação denominada Porto Seguro desarticulou uma suposta quadrilha de venda de pareceres técnicos em órgãos federais para favorecer interesses privados.
Um único requerimento foi aprovado, o que convida o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para audiência pública na comissão de Fiscalização Financeira e Controle em conjunto com a de Segurança Pública, onde já estava acertada a presença do ministro para falar sobre a violência em São Paulo. Os requerimentos da oposição não foram sequer colocados em votação na comissão de Fiscalização e Controle.
O PPS apresentou requerimentos para ouvir Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Cyonil de Faria Júnior, ex-auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), e José Weber Holanda, ex-advogado adjunto da Advocacia Geral da União. "Essa comissão tem o dever que acompanhar os fatos graves que estão sendo apurados pela Polícia Federal", afirmou o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA). Ele insistiu na necessidade de os indiciados pela PF prestarem esclarecimentos no Congresso. "É fundamental para nós ouvirmos também as pessoas que estão sendo acusadas desses crimes, que não são crimes pequenos", completou.
"O ministro deve esclarecer esses fatos lamentáveis estampados nos jornais que mostram práticas incorretas de abuso de autoridade e desvio de recursos públicos no coração do poder", disse o deputado Mendonça Filho (DEM-PE), autor de um dos requerimentos para ouvir Cardozo.
O DEM, por meio do deputado Onyx Lorenzoni (RS), apresentou requerimentos na Comissão de Segurança Pública, que deve se reunir na tarde desta quarta-feira, convocando os ministros da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, para falar sobre a suposta quadrilha que fraudava pareceres técnicos em órgãos federais. A expectativa é que o governo barre esses requerimentos.
O governo escalou os ministros Cardozo, ao qual a Polícia Federal é subordinada, e Luís Inácio Adams, superior hierárquico do advogado adjunto da AGU, para dar explicações nas comissões da Câmara e do Senado, na estratégia de evitar que o escândalo de corrupção atingindo a esfera federal chegue ao Palácio do Planalto e de reduzir danos políticos. A orientação é barrar o depoimento dos envolvidos.