Opositor pede que governos não sejam cúmplices de Cuba

O dissidente fez 23 greves de fome em protesto pela repressão das autoridades cubanas contra os opositores

qui, 04/07/2013 - 23:25
Frederick Florin O dissidente cubano Guillermo Fariñas na cerimônia de entrega do prêmio Sakharov de direitos humanos, 3 de julho de 2013 Frederick Florin

O dissidente cubano Guillermo Fariñas pediu à comunidade internacional, nesta quinta-feira, em Madri, que "não se torne cúmplice" de Havana e disse estar convencido de que a América Latina é o único lugar onde o regime cubano ainda "se sente aceito".

"É importante que a comunidade internacional não se torne cúmplice, nem seja otimista em relação ao governo cubano, que é geneticamente totalitário e vai, sistematicamente, tentar enganar as boas intenções dos democratas para se perpetuar no poder", declarou Fariñas, em entrevista coletiva. "A comunidade internacional deveria fazer planos para fortalecer o tecido da sociedade civil cubana", insistiu o opositor cubano, que foi a Madri depois de receber na quarta-feira o Prêmio Sakharov à Liberdade de Consciência no Parlamento.

O Prêmio foi concedido em 2010, mas ele só pode recebê-lo agora, após a reforma migratória realizada no início do ano em Cuba. Com isso, ele obteve autorização para sair. Durante sua entrevista na capital espanhola, Fariñas se mostrou convencido de que "o único lugar onde (o regime cubano) pode dizer que é aceito é a América Latina, porque há quatro países que o defendem com unhas e dentes, que são Venezuela, Bolívia, Nicarágua e Equador", acrescentou.

O dissidente, que fez 23 greves de fome em protesto pela repressão das autoridades cubanas contra os opositores, reuniu-se com parlamentares espanhóis. Esse psicólogo, de 51 anos, também se referiu à União Patriótica de Cuba, da qual é membro e que conseguiu aglutinar boa parte da oposição cubana. Segundo ele, a organização buscará seguir uma linha mais social em sua luta pelos direitos humanos.

"Consideramos que o mais importante é nos tornarmos, pouco a pouco, uma organização de massas, deixar de fazer demandas políticas e nos transformarmos em 'demandantes' sociais", explicou Fariñas, que está convencido de que sofrerá represálias quando voltar para casa. "Espero represálias quando voltar para o meu país, mas não represálias abertas", afirmou Fariñas, que não descarta sofrer atentados.

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