Protestos: Sociedade acredita na diminuição da corrupção

Quase 50% dos entrevistados torcem pela redução das ilegalidades no País

por Élida Maria qui, 04/07/2013 - 00:13

Não foi difícil encontrar sinalizações de diferentes tipos, tamanhos e cor contra a corrupção no País nas manifestações realizadas pelo Brasil a fora, ao longo das últimas semanas. O tema de caráter político é vivenciado pela sociedade com um olhar mais detalhado e exigente de quem busca por representantes honestos e capazes de melhorar a qualidade de vida de todos os brasileiros. Depois de menos de um mês de uma das maiores manifestações ocorridas no Recife, o Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) entrevistou mais de 800 pessoas para saber qual será o caminho da corrupção no País, após os atos.

Entre os dias 26 e 27 de junho foram colhidas informações de 813 pessoas da capital pernambucana com 16 anos ou mais. Nos dados, 45% dos entrevistados acreditam que a prática de corrupção diminuirá após esses protestos. Outros 32,2% disseram que o problema permanecerá da mesma forma e 17,2% acham que a prática da corrupção aumentará.

Segundo a cientista política, Priscila Lapa, os dados mostram o fervor da população neste momento, mas não representa uma mudança imediata. “A opinião pública está ainda sobre o efeito do entusiasmo. Mas o que foi posto claramente como uma postura incisiva de corrupção no Brasil? Efetivamente é uma bandeira muito subjetiva, acreditando que as coisas vão melhorar”, opinou.

Na mesma linha de pensamento da especialista, o deputado federal Mendonça Filho (DEM) ressaltou a importância Dos protestos, mas também defende que o ato não solucionará o problema. “Eu acho que a manifestação no combate à corrupção não resolve a corrupção, mas é um indicativo popular”, avalia.

Diferente das opiniões anteriores, o vereador petista, Jurandir Liberal (PT) tem o mesmo pensamento da maioria dos participantes da amostra. “Eu também concordo porque a impunidade é um elemento que faz as pessoas agir erradas. A população cobrando é importante para certas condutas ficarem alertas. Algumas pessoas agem incorretamente e sujam as imagens do político. Quanto mais a sociedade estiver cobrando melhor”, expôs o parlamentar.

Além da alternância da prática da corrupção, o IPMN questionou os recifenses se os políticos na sua maioria são corruptos. Para essa indagação um total de 89,8% disseram sim, 7,2% não e apenas 3,1% não souberam ou não responderam.

De acordo com Lapa, esse descrédito é algo já consolidado na sociedade. “Não é apenas nesse momento. Historicamente no Brasil as pessoas não acreditam nas instituições políticas. Nesse momento há um grito das pessoas que estão colocando para fora, agora está visível, mas não aumentou nem diminuir, o que também é um risco para a democracia acreditar que tudo estar errado. É preciso um pouco de cautela”, contextualizou a cientista.

Para a deputada tucana, existe uma mistura de reflexões sobre o assunto. “Nesse momento a população está misturando alhos com bugalhos. Isso é uma coisa de momento, mas numa segunda ocasião a população saberá distinguir bem quem comete maus feitos e quem não comete. Quando houver uma depuração maior, as pessoas vão entender que não há democracia sem política”, disparou Terezinha Nunes.

Corrupção brasileiraOutro dado relevante que o IPMN trouxe à tona se refere a ilegalidades dos brasileiros. Nesse aspecto os entrevistados foram indagados: “Você concorda com esta afirmação: "A população brasileira é corrupta em sua maioria?”. Nessa resposta, um pouco mais da metade dos entrevistados (56,7%) disseram que não. Já 37,7% afirmaram sim e 5,7% não souberam ou não responderam.

Para a cientista política, esse tema provoca uma meditação dos próprios atos da sociedade. “Esse reconhecimento também foi acentuado pelas redes sociais porque quem está acompanhando tem uma reflexão geral de atitudes e comportamentos. O fato de furar fila ou dar toco para o guarda, por exemplo,  traz à tona esses problemas também, e por mais que as pessoas não reconheçam seus erros, só o fato de estar se debatendo já é um avanço”, pontua Lapa.

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