Collor nega ter relação com doleiro preso pela PF
O ex-presidente da República e senador Fernando Collor (PTB-AL) negou nesta segunda-feira (26) ter qualquer relação com o doleiro Alberto Youssef, preso na operação Lava Jato da Polícia Federal. Durante a busca e apreensão feita no escritório do doleiro, a PF encontrou oito comprovantes de depósitos bancários em nome do senador. Os repasses, que vieram a público na semana passada, teriam sido feitos no intervalo de três dias, em maio de 2013, e somam R$ 50 mil. "Posso afirmar de forma e de modo categórico que não o conheço e jamais mantive com ele qualquer relacionamento de forma pessoal ou político", afirmou.
Durante o pronunciamento de 18 minutos da tribuna do Senado assistido por apenas três senadores, Collor não negou ter recebido os depósitos, mas não esclareceu os motivos para o recebimento do dinheiro em sua conta. O ex-presidente anunciou que vai pedir à Polícia Federal, ao juiz federal Sérgio Moro, do Paraná, e ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, acesso aos documentos da operação Lava Jato que mencionam os repasses.
O senador do PTB disse que não conhece o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que estava preso e foi solto na semana passada por ordem do Supremo. Afirmou conhecer Pedro Paulo Leoni Ramos, que foi ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos durante seu mandato presidencial. "Mantenho com ele e a família relação há mais de 30 anos de amizade e de respeito", declarou.
Uma empresa de PP, como Pedro Paulo é conhecido, havia feito um pagamento de R$ 4,3 milhões para uma consultoria de Paulo Roberto Costa e a suspeita da PF é de que Collor seria um dos beneficiários do esquema de distribuição de propina a políticos a partir do desvio de recursos da Petrobrás.
No pronunciamento, o ex-presidente fez questão de citar a manifestação do juiz Sérgio Moro, que, ao enviar toda a operação Lava Jato para o Supremo semana passada, isentou-o de envolvimento com a operação. "Observo que não há qualquer indício do envolvimento do referido parlamentar nos crimes que já foram objeto das aludidas oito ações penais propostas", destacou.
Collor atacou a revista Veja por ter, segundo ele, feito uma publicação seletiva de informações com o intuito de atingi-lo. No mês passado, a revista publicou a existência do primeiro depósito em favor de Collor, de R$ 8 mil. Recentemente, publicou todos os depósitos que, somados, dão R$ 50 mil. "Desde a primeira reportagem da Veja, ficou clara a tentativa de vincular o meu nome à chamada Operação Lava Jato da Polícia Federal. É isso que eles querem, estão loucos. E mais uma vez eles vão levar uma tunda e vão se arrepender pelo resto da vida", afirmou. "Não convém de forma prematura alimentar uma contenda contra um veículo cujo único objetivo é me acusar, condenar e me denegrir perante a opinião pública", completou.