CNI cobra projetos de presidenciáveis para o setor
Para apresentar aos candidatos à Presidência da República as propostas da indústria de mudança na política econômica, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) realiza nesta quarta-feira, 30, encontros de empresários com a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, e com os candidatos Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).
No evento, chamado de Diálogo da Indústria com Candidatos à Presidência, a CNI irá apresentar uma agenda de propostas que passam por reforma tributária, incentivo a áreas como infraestrutura e até medidas impopulares, como alteração no cálculo de reajuste do salário mínimo e de benefícios previdenciários. Cada candidato terá pouco mais de uma hora para ouvir as demandas dos empresários e apresentar suas propostas para convencer o setor. Os três, no entanto, não devem se encontrar.
O primeiro a debater com os empresários é Eduardo Campos, às 10h. Na sequência, ainda no período da manhã, será a vez do tucano, Aécio Neves. A presidente Dilma Rousseff participa do evento às 15h30, para fechar o evento.
A CNI elaborou, no total, 42 estudos sobre temas sensíveis ao setor industrial. A prioridade, na avaliação da CNI, são as mudanças tributárias. Para a entidade, a reforma tributária está diretamente ligada a outras agendas, como o aumento da competitividade industrial no cenário internacional.
Diante do mau momento para a indústria, a presidente Dilma Rousseff deve ser a mais pressionada no evento de hoje. O setor foi contemplado com reiterados pacotes de bondades durante a gestão da petista, mas registra atualmente o índice de confiança mais baixo desde 2009. A presidente tem usado como estratégia a comparação de dados econômicos da gestão do PT ao período do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Também é frequente em seu discurso a afirmação de que o governo federal nunca investiu tanto em infraestrutura como atualmente.
O programa registrado pelo PT no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), contudo, não aborda, por exemplo, propostas de alteração na Previdência Social ou previsão de mudança no reajuste do mínimo. Para rebater as críticas sobre baixo crescimento, a petista tem ressaltado um cenário internacional adverso e dito que o Brasil está entre os países do G-20 com maior desempenho econômico.
Campos ainda não apresentou seu programa de governo, mas apenas as diretrizes que vão nortear a campanha do PSB. O pernambucano deve defender, como já fez em ocasiões anteriores, a autonomia do Banco Central, além de criticar a "crise de confiança" do mercado em relação ao Brasil e "erros" na condução da política econômica. "Quando as coisas estão bem, é porque o governo está acertando. Quando estão indo mal, são os efeitos da crise externa. Isso é um mecanismo que as crianças percebem claramente: que é a fuga da realidade", disse durante entrevista ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, no último domingo.
O tucano Aécio Neves, na véspera da sabatina, informou que, em relação à proposta de reforma tributária, um dos temas centrais do encontro, não pretende apresentar prazos para que ela seja implantada, caso seja eleito em outubro. "Vou avançar no limite do que é possível. Não vou dar prazos para isso ou para aquilo. Mas vou sinalizar de forma clara o que penso não só em relação à reforma tributária, mas em relação à meta de inflação, investimento, retomada de crescimento, produtividade", afirmou ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. (Colaboraram Erich Decat, Nivaldo Souza, Ricardo Brito e Bernardo Caram)