Justiça abre ação contra 27 investigados na Lava Jato

Denunciados estão envolvidos com empreiteiras, atuavam na Petrobras ou eram operadores do esquema de desvios de dinheiro e pagamento de propina

por Dulce Mesquita seg, 23/03/2015 - 14:58
Agência Brasil João Vaccari, Renato Duque, Pedro Barusco e Paulo Roberto Costa estão sendo acusados de participação no esquema Agência Brasil

A Justiça Federal aceitou, nesta segunda-feira (23), a denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF) contra 27 pessoas investigadas de participarem do esquema de desvios de dinheiro da Petrobras. A ação penal é fruto da Operação Lava Jato da Polícia Federal.

Entre os envolvidos estão o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, o doleiro Alberto Youssef e os ex-dirigentes da estatal Renato Duque, Pedro Barusco e Paulo Roberto Costa. Integram a lista de réus Adir Assad, Agenor Magalhães Medeiros, Alberto Vilaça, Ângelo Mendes, Augusto Ribeiro, Dario Teixeira Júnior, Francisco Perdigão, José Aldemário, José Américo Diniz, José Humberto Resende, Julio Gerin, Lucélio Von Lehsten Góes, Luiz Ricardo Sampaio, Mario Mendonça Góes, Marcus Vinícius Teixeira, Mateus Coutinho, Renato Siqueira, Rogério Cunha, Sérgio Cunha, Sonia Mariza Branco, Vicente Ribeiro e Waldomiro de Oliveira.

Os denunciados estão envolvidos com empreiteiras, atuavam na Petrobras ou eram operadores do esquema. Todos estão sendo acusados pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção e formação de quadrilha. A partir de agora, eles serão chamados para prestar depoimento e poderão apresentar defesa e indicar testemunhas.

Ação

Na denúncia, os procuradores apontam novos desvios de recursos em contratos com a Petrobras. Desta vez, as obras investigadas foram a Refinaria Getúlio Vargas, em Araucária, no Paraná, e a Refinaria de Paulínia, em São Paulo.

Para os procuradores, João Vaccari Neto participou de reuniões com Renato Duque, nas quais eram acertados os valores que seriam transferidos ao PT por meio de doações legais. Segundo o MPF, foram feitas 24 doações de R$ 4,26 milhões.

Ao abrir a ação penal, juiz federal Sérgio Moro informou que "há prova documental do repasse de parte da propina em doações eleitorais registradas ao Partido dos Trabalhadores, o que teria sido feito por solicitação de Duque e de Vaccari".

Segundo Moro, a comprovação de doações legais não encobre a origem ilícita de recursos. "A realização de doações eleitorais, ainda que registradas, com recursos provenientes de crime, configura, em tese, crime de lavagem de dinheiro. Além disso, se, como afirma o MPF, as doações foram acertadas como parte da propina dirigida a Diretoria de Serviços, há igualmente participação de João Vaccari no crime de corrupção passiva", ressaltou o juiz.

A defesa de Vaccari afirma que o tesoureiro não participou de nenhum esquema para arrecadação de propina para o partido. Os advogados acrescentam que as doações solicitadas por Vaccari foram legais e feitas de forma transparente.

Em nota divulgada semana passada, após ser denunciado pelo MPF, a defesa do tesoureiro do PT negou que as doações para o partido sejam fruto de propina. “Vaccari repudia as referências dos delatores a seu respeito, pois as mesmas não correspondem à verdade. Ele não recebeu ou solicitou qualquer contribuição de origem ilícita destinada ao PT, pois as doações solicitadas pelo senhor Vaccari foram realizadas por meio de depósitos bancários, com toda a transparência e com a devida prestação de contas às autoridades competentes”.

A defesa de Renato Duque também nega que ele tenha recebido propina e movimentado dinheiro em contas secretas no exterior.

Com informações da Agência Brasil.

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