PL do Estatuto da Família causa embates em audiência

Debate sugerido pelo deputado Anderson Ferreira conta com representantes das igrejas evangélicas e católicas e dos direitos humanos

por Élida Maria qui, 25/06/2015 - 17:35
Luis Macedo/Câmara dos Deputados A audiência pública foi sugerida por Anderson Ferreira Luis Macedo/Câmara dos Deputados

“Eu gostaria de perguntar se o Tony faz xixi e quando vossa excelência vai ao banheiro, se vai aos dos homens ou das mulheres?”. Foi com essa pergunta que o deputado Jair Bolsonaro iniciou sua participação na audiência pública sobre o Estatuto da Família, em Brasília, nesta quinta-feira (25). O debate proposto pelo deputado Anderson Ferreira (PR) conta com a participação de outros parlamentares cristãos, do pastor Silas Malafaia e do presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLTT), Tony Reis. 

Um dos assuntos trazidos durante o debate foi à parada gay realizada recentemente em que alguns participantes ironizaram a morte de Cristo na cruz. “Em 2011, a parada gay fez pior: colocou santos da Igreja Católica em posições homoeróticas e eu disse que podia baixar o pau”, exclamou Malafaia, defendendo que não existe na ciência definição para homossexual. “Não existe natureza homossexual. Não existe, e vou dizer uma coisa que a ciência diz: a sexualidade existe em três aspectos diferentes: dualismo, complementaridade e reprodução”, explicou. 

Citando termos da Constituição que define o que é família, Malafaia ironizou, sugerindo que se crie um PEC para mudar a determinação. “Querem mudar isso? Chamem os deputados acionistas gay e mandem eles fazer uma PEC”, opinou, criticando questões de homofobia. “Qualquer coisa que você fala eles dizem que é homofobia, pode falar mão do presidente, do pastor e de padre, mas se falar de homossexual é homofóbico. Vai ver se eu estou na esquina!”, disparou o pastor. 

Quem também citou a parada gay foi o deputado federal Eliseu Dionísio. “Se vocês querem respeito, eu quero respeito com a minha família tradicional, que queiram vocês, ou não, ainda é maioria da família brasileira”, pediu, acrescentando. “Pegar um objeto sacro e enfiar no ânus não é respeitoso nem aqui nem na China e olha que eu não sou Católico”, completou o parlamentar. 

Dionísio também comentou sobre a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) aprovado sem a inserção da discussão de gênero nas escolas. “Amigo, respeitem as nossas crianças. Se vocês querem respeito, respeitem a democracia. A democracia é a discussão de ideias. Se vocês perderam no Plano Nacional de Educação, aceitem. Daqui a dez anos vocês tentam de novo”, disse, de forma sarcástica. 

Presidente da Bancada Católica na Câmara dos Deputados, Givaldo Carimbão (PROS-AL), também se manifestou no debate. “Acho que é um bom debate até porque a Casa tem que se posicionar sobre esses assuntos e acho que esse é o lugar para debater”, elogiou afirmando que a bíblia, em sua opinião, está acima da Lei e, posteriormente, defendeuá família. “Tenho e assumo minhas posições e respeito cada um, mas vim defender a família que está na bíblia sagrada que a lei maior de todas as leis”, frisou. 

Uma das participações mais polêmicas foi do deputado Jair Bolsonaro (PP) que entrou perguntando a Tony Reis se fazia xixi e fazendo questão de dizer que é casado com uma mulher. “Eu já estou no segundo casamento, mas se fosse o quinto, todos seriam com mulheres”, garantiu. “Nós estamos aqui, graças a Eduardo Cunha, porque se fosse do PT estaria arquivado: para derrubarmos um parecer de uma secretaria conhecida como Direitos Humanos: o menino pode ir ao banheiro dos meninos ou das meninas, caso se sinta menina”, descreveu,  reforçando sua opinião sobre o tema. “A questão da instituição da família tem que ser votada de qualquer preço e parabéns para Anderson Ferreira”, enalteceu. 

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