Governo nega crise na base e fala em harmonia

Apesar do tom conciliador, estratégia do Palácio do Planalto é isolar Eduardo Cunha e minimizar o mal-estar com o PMDB

por Dulce Mesquita seg, 20/07/2015 - 14:47
Marcelo Camargo/Agência Brasil Ministro Eliseu Padilha negou que o governo interfira no andamento da Operação Lava Jato Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha, disse que o governo continuará buscando harmonia com o Congresso Nacional, mesmo com a ruptura da aliança anunciada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Apesar do tom conciliador, a estratégia do Palácio do Planalto é isolar Cunha e minimizar o mal-estar com o PMDB.

“As relações serão normais entre os dois Poderes”, frisou Padilha, em coletiva de imprensa, após a reunião do conselho político. “Penso que em todas as pessoas que chegam aonde chegou o presidente Cunha, está implícita a responsabilidade dos chefes de Poder: os interesses da nação se sobrepõem aos interesses conflitantes entre um e outro Poder”, explicou o peemedebista que enfatizou que o deputado “sempre mereceu e merece atenção e respeito".

Padilha disse que respeita a opinião do presidente da Câmara, mas negou que o governo tenha alguma interferência na investigação e instauração de processos da Operação Lava Jato. “Vários integrantes do Poder Executivo também sofrem acusações neste processo. O governo, efetivamente, não tem nenhuma influencia no Ministério Público e na Polícia Federal, especificamente neste caso, a Lava Jato. É uma percepção pessoal dele, que a gente tem entendimento diferenciado”, disse.

Sobre as críticas do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ao ajuste fiscal conduzido pelo governo, Padilha evitou polêmicas. “Os aliados não estão proibidos de fazer críticas. O governo tem que ter humildade e sensibilidade de acolher essas críticas e dialogar com esse parceiro. As críticas dele têm que ser vistas como contribuições, ele aponta caminhos que fazem o governo refletir. É normal no campo da política que um aliado faça críticas, o que tem que ser interpretado como contribuição”.

Na reunião de articulação política, foi feito um balanço do semestre. Além da presidente Dilma Rousseff e de Padilha, estiveram presentes os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Joaquim Levy (Fazenda), José Eduardo Cardozo (Justiça), Nelson Barbosa (Planejamento) e Jaques Wagner (Defesa). Parlamentares também participaram do encontro, como o líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS); o líder do governo no Congresso, o senador José Pimentel (PT-CE) e o deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara.

 

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