Aécio recebeu R$ 300 mil de propinas da UTC, diz delator

A informação foi revelada em reportagem da Folha de São Paulo desta quarta-feira (30)

qua, 30/12/2015 - 12:33

O senador Aécio Neves (PSDB) foi inserido por um delator no rol de suspeitos de ter recebido dinheiro do esquema de corrupção investigado pela Operação Java Jato, da Polícia Federal. A notícia foi revelada pelo jornal Folha de São Paulo desta quarta-feira (30).

Segundo Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará, R$ 300 mil teriam sido pagos ao político mineiro pela empreiteira UTC Engenharia, uma das citadas nas investigações como sócia do “clube” de empresas que operacionalizavam o esquema de pagamento de propinas. No processo, Ceará é identificado como “mula”, o indivíduo que transporta e entrega dinheiro a beneficiários de esquema de corrupção.

De acordo com a reportagem, o nome do senador do PSDB foi citado em depoimento de delação premiada prestado ao Ministério Público e homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O delator afirmou ter levado o dinheiro no segundo semestre de 2013 a um diretor da UTC, de nome Miranda, que “estava bastante ansioso” pela operacionalização da entrega dos R$ 300 mil e chegou a reclamar com Ceará por não aguentar mais o beneficiário - que seria Aécio Neves - lhe “cobrando tanto”.

O nome do ex-candidato à presidência da república já havia aparecido nos depoimentos de Alberto Youssef. Segundo o doleiro, Aécio se beneficiou, de outro esquema de propinas, no início da década passada (2001) conhecido como “Lista de Furnas”.

Youssef afirmou na CPI da Petrobras que quem lhe contou sobre o esquema da estatal de energia, subsidiária da Eletrobras, em favor do PSDB, foi o seu “compadre” e deputado José Janene (PP-PR), falecido em 2010.

Defesa - Em nota enviada à imprensa e divulgada nas redes sociais, a assessoria do senador rebateu as acusações do delator, chamando de "absurda e irresponsável citação do nome do senador, sem nenhum tipo de comprovação".

A assessoria do tucano afirma que a participação do senador no esquema "já foi desmentida três vezes: pela empresa, pelo dono da UTC, Ricardo Pessoa, e por Youssef, que anteriormente, através de seu advogado, já havia afirmado que não conhece o senador e nunca teve com ele qualquer tipo de relação ou negócio, posição reafirmada por ele em depoimento prestado à Policia Federal".

Ainda de acordo com a nota, a "falsidade" da acusação pode ser comprovada pela "total falta de lógica", uma vez que o senador "não exerce influência nas empresas do governo federal com as quais a empresa atuava".

No entanto, a assessoria do senador admite que a UTC fez uma doação à sua campanha em 2014, através do comitê financeiro do PSDB. No site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), consta a doação de R$ 4,5 milhões da UTC.

 

 

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