Presidente da Queiroz Galvão nega ilícitos
Construtora foi alvo da Operação Resta Um, 33ª fase da Operação Lava Jato
O diretor-presidente da Queiroz Galvão, Petrônio Braz Junior, afirmou à Polícia Federal que, 'sob sua gestão', não houve procedimentos ilícitos em licitações da Petrobras. A construtora foi alvo da Operação Resta Um, 33ª fase da Operação Lava Jato, e é apontada como uma das empreiteiras que participavam do 'Cartel VIP' de empresas que agiram na estatal para se apossar de contratos bilionários, entre 2004 e 2014.
Petrônio Braz Júnior é diretor-presidente desde 2013. O executivo foi conduzido coercitivamente - quando o investigado é levado a depor obrigatoriamente e liberado - na Operação Resta Um, deflagrada terça-feira, 2.
"Desconhece a denominação 'O Clube das 16', somente tendo ouvido falar pela imprensa; que afirma, com segurança, que, sob sua gestão, não ocorreu qualquer participação indevida da Construtora Queiroz Galvão/Brasil em processos licitatórios na Petrobras; que reafirma desconhecer a existência do 'Clube das 16'", declarou.
Segundo a força-tarefa da Lava Jato, Petrônio Braz Júnior foi o responsável pela assinatura do contrato com a Costa Global Consultoria, empresa do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, um dos delatores do esquema de propinas instalado na estatal entre 2004 e 2014. Os investigadores afirmam que o contrato era ideologicamente falso celebrado por 'um serviço não prestado, a fim de acertar o pagamento de propina atrasada'.
A Costa Global, afirma o Ministério Público Federal, era usada por Paulo Roberto Costa para o recebimento de propinas 'atrasadas'. A quebra de sigilo bancário da Costa Global apontou seis depósitos da Queiroz Galvão, que de acordo com a força-tarefa 'totalizaram R$ 563.100 mil de propina'.
À PF, Petrônio Braz Júnior declarou nunca ter conhecido 'o senhor Paulo Roberto Costa.
"O contrato celebrado entre a Construtora Queiroz Galvão Brasil com a empresa Costa Global Consultoria, o qual foi assinado por ele, declarante, teve a avaliação do Departamento Jurídico da Construtora Queiroz Galvão Brasil, e, portanto, para ele, declarante, não era ideologicamente falso", afirmou.
"O declarante soube, à época, que toda a parte de contato comercial anterior à assinatura foi realizada pela IESA, uma empresa de engenharia que, em alguns projetos, era consorciada da Construtora Queiroz Galvão Brasil."
O presidente da Queiroz Galvão disse que desde a Construtora Queiroz Galvão Brasil mantinha um acordo de cooperação com a IESA na prospecção e execução de negócios na área de óleo e gás'. O executivo relatou que 'foi a IESA que apresentou o projeto de prospecção de minirrefinarias, cuja consultoria seria feita pela Costa Global'.
"O valor do contrato de R$ 563 mil não era significativo, diante dos volumes financeiros tratados pelo declarante nos demais contratos, que giravam em torno de milhões de reais, e portanto não chamou sua atenção; que na época da assinatura do contrato Paulo Roberto Costa já não tinha mais qualquer vinculação com a Petrobras, de onde já havia se afastado há mais de um ano, que só tomou conhecimento desses fatos, em detalhes, posteriomente à deflagração da Operação Lava Jato", afirmou.
"Nessa época sequer sabia quem era Paulo Roberto Costa; e reafirma que nunca se reuniu com Paulo Roberto Costa para tratar do referido contrato, ou com qualquer representante da empresa Costa Global Consultoria."