Teto dos gastos não resolve problema, diz Lisboa
Para o presidente do Insper, o teto pode ser o começo de uma agenda de responsabilidade, a qual depende de que a população se mobilize em prol de medidas duras.
A proposta de emenda constitucional que estabelece um limite para o crescimento dos gastos públicos "é um começo", mas não resolve por completo a necessidade de maior responsabilidade na gestão das contas, segundo avaliou o presidente do Insper, Marcos Lisboa. Ele participou de evento da Associação Paulista de Supermercados (Apas) nesta manhã, em São Paulo.
Para Lisboa, a limitação de gastos deveria ser algo "óbvio" na gestão pública, mas se tornou necessária porque decisões irresponsáveis vêm sendo tomadas nos governos. "O que a proposta diz é apenas que, se o governo do Maranhão quiser construir uma refinaria, vai ter que dizer o que é que vai cortar do orçamento para isso", ponderou.
Para ele, o teto pode ser o começo de uma agenda de responsabilidade, a qual depende de que a população se mobilize em prol de medidas duras.
O economista destacou, por exemplo, a necessidade de uma compreensão mais profunda pela população da proposta de reforma da Previdência. "Quanto mais a sociedade se engajar e entender, maior a chance de a janela atual ser aproveitada e retomarmos a trajetória de crescimento sustentável", disse.
Para Lisboa, o tema da dívida dos Estados passa pela Previdência. "Os Estados estão quebrando por causa da Previdência e não tem outra forma, precisa delimitar a idade mínima", comentou. O presidente do Insper considerou ainda que o Brasil permite uma acumulação de benefícios por uma mesma pessoa, algo que também afeta as contas públicas.