PF abre inquérito sobre compra de térmicas no governo FHC

A investigação parte da delação do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, que, na década de 1990, era gerente de energia do Departamento Industrial da estatal petrolífera

qua, 05/10/2016 - 12:35
Tânia Rêgo/Agência Brasil (22/04/2016) Por meio de sua assessoria, FHC informou que 'não tem informações sobre este inquérito' Tânia Rêgo/Agência Brasil (22/04/2016)

A Operação Lava Jato investiga um suposto esquema de corrupção na compra de termoelétricas pela Petrobras, no período de 1999 a 2001, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). A Polícia Federal abriu inquérito para apurar a aquisição envolvendo as empresas Alsotm/GE e NRG. A investigação parte da delação do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, que, na década de 1990, era gerente de energia do Departamento Industrial da estatal petrolífera.

O delator narrou que, em 1997, "se vislumbrou a possibilidade de uma crise energética no Brasil" e que a Petrobras começou a negociar o desenvolvimento de térmicas. Ele apontou o ex-senador e ex-líder do Governo Dilma no Senado Delcídio do Amaral (ex-PT/MS), que, na época, exercia a função de diretor da Petrobrás.

"Em 1999, Delcídio do Amaral assumiu uma das Diretorias da Petrobras, denominada provisoriamente Diretoria de Participações; que Delcídio do Amaral chamou o declarante para trabalhar com ele na Diretoria de Gás e Energia da Petrobras; que, em fevereiro de 2000, o presidente da República Fernando Henrique Cardoso criou um programa prioritário de termoelétricas (PPT), para geração de energia por meio de termo elétricas para enfrentar a crise conhecida como 'apagão'", diz o relato de Cerveró.

O ex-diretor afirmou que a primeira empresa a fornecer turbinas para a Petrobras para construção e exploração de termoelétricas foi a ABB, em 1999, posteriormente adquirida pela Alstom, depois adquirida pela GE.

"Nessa primeira aquisição de turbinas já houve o pagamento de propina", que "foi negociada com o representante da ABB no Rio de Janeiro", afirmou Cerveró.

"Se acertou o pagamento de uma propina de US$ 600 mil a US$ 700 mil para o próprio declarante e um valor um pouco menor, do qual o declarante não tem conhecimento, aos funcionários que trabalhavam com o declarante na Petrobras", diz o relato. Cerveró também afirmou que "nessa época abriu uma conta na Suíça para receber propina".

Defesas

Por meio de sua assessoria de imprensa, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso informou que "não tem informações sobre este inquérito, mas sempre é favorável que denúncias sejam apuradas."

Também por meio de assessoria, a GE informou que "não foi notificada sobre esse inquérito. A empresa não vai comentar, já que não comenta nenhum tipo de especulação".

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