Nesta terça-feira (18), é celebrado o Dia Nacional do Amigo, uma data que é utilizada para lembrar e fortalecer os laços de amizade. Na política brasileira, não é diferente, pois entre os amigos pessoais e aqueles que cultivam a amizade apenas em períodos eleitorais, os políticos sempre os querem por perto para alcançar seus interesses ou realizar com êxito os objetivos dos partidos.
Até o próprio atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), faz questão de falar publicamente sobre a sua amizade com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Nas eleições parlamentares de 1978, os dois se encontraram para fazer campanha, na qual entregaram panfletos nas portas das fábricas da região do ABC Paulista. Depois disso, estiveram unidos nos palanques das lutas pela Anistia e pela Constituinte, nas Diretas Já e no impeachment de Collor, em 1992.
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A amizade foi testada em algumas ocasiões, como por exemplo, nas eleições presidenciais de 1998, na qual Lula perdeu para o seu amigo e adversário político, porém, 4 anos depois, o líder petista venceu o pleito contra José Serra (PSDB), que tinha o objetivo de fazer o partido tucano do FHC continuar por mais alguns anos na cadeira do Poder Executivo.
Lula também tem amizades com outros importantes nomes políticos, como por exemplo o atual presidente da Argentina, Alberto Fernández. Ao longo de sua campanha eleitoral no país vizinho em 2019, Fernández se posicionou em relação a temas importantes da política brasileira, trouxe respostas ácidas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e defendeu publicamente seu amigo contra acusações feitas pela extrema direita.
Outro líder da política Latina, amigo muito querido de Lula, é o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica. Em março deste ano, em evento no Palácio do Planalto que reuniu lideranças sindicais e debateu as lutas por novos marcos de regulação entre capital e trabalho que valorize as chamadas classes subalternas, Mujica declarou a importância de Lula na política. “Obrigado Lula, por ter chegado até aqui, por nos trazer esperança. Você viverá para sempre”, afirmou o uruguaio. No evento, Lula em seu discurso falou sobre o amigo e agradeceu sua participação para tratar assuntos importantes para a América do Sul. "Meu querido companheiro, Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai e companheiro de tantas frentes de luta na nossa querida América do Sul e América Latina", disse o líder petista.
O maior opositor de Lula na atualidade, Jair Bolsonaro, também faz questão de que a população brasileira saiba quem são seus amigos e aliados. O ex-mandatário tem amigos que adotaram até o seu sobrenome, como é o caso do subtenente do Exército e deputado federal Hélio Lopes (PL).
Em 2018, depois de tentar se eleger duas vezes sem êxito, o subtenente do Exército decidiu fundir sua imagem à do amigo de longa data, então trocou o sobrenome eleitoral. Com autorização de Bolsonaro, Hélio Lopes virou Hélio Bolsonaro, investiu financeiramente em sua campanha e galgou o posto de deputado federal mais votado do Rio de Janeiro, alcançando 345.234 votos, superando políticos tradicionais como Marcelo Freixo (PSB) e Alessandro Molon (PSB).
Em 2022, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) proibiu o uso do nome do ex-presidente por aliados, com isso, Hélio teve apenas 132.986 votos nas eleições, 61,5% menos do que o registrado em 2018. Na época, para tentar reverter a decisão do Tribunal, Bolsonaro escreveu uma carta autorizando que seu outro amigo e ex-segurança, o deputado federal Max de Moura (PL-RJ), pudesse usar o nome Max Bolsonaro na disputa ao cargo na Câmara. O pedido, porém, não fez os desembargadores mudarem seus votos.
As amizades em Pernambuco
Em Pernambuco, algumas amizades foram desfeitas após trocas de farpas diante os resultados eleitorais, outras continuam resistentes, mesmo depois das derrotas nas urnas, finais de mandatos e críticas da população, como por exemplo, a amizade do atual prefeito do Recife, João Campos (PSB), e o ex-prefeito Geraldo Júlio (PSB). João durante um discurso no final de uma missa de ação de graças em 2021, elogiou o amigo e falou sobre a importância do correligionário em sua trajetória política. "Fazer uma saudação muito especial a meu amigo Geraldo Julio, presente, a Cristina.
Muitas vezes Geraldo, as pessoas tem curiosidade de saber como é a nossa relação. Perguntam 'como é a sua relação com Gerlado?' A minha relação com Geraldo é de irmão. Toda a minha vida eu tenho certeza, a gente sempre vai estar junto, sempre", disse Campos. "É assim que irmãos caminham", completou o prefeito da capital pernambucana.
"Então aqui eu quero publicamente Geraldo, te agradecer por tudo, que você já fez por mim, pela nossa amizade, dizer que a gente vai estar sempre junto. Então, a gente tem uma oportunidade hoje de governar a cidade do Recife e saber o que é muito mais fácil quando a gente recebe uma casa organizada para a gente dar continuidade trabalhando. Aqui eu quero deixar esse agradecimento para você e a Cristina", disse João Campos na sequência.
Porém, nem todas as amizades continuam após uma eleição, como é o caso da ex-deputada federal Marília Arraes (Solidariedade) e da governadora do estado, Raquel Lyra (PSDB), que se enfrentaram nas eleições de 2022.
As duas adversárias acumulam pontos em comum nas trajetórias pessoais e políticas, além de um histórico de boas relações. Ambas deixaram o PSB, partido que governou o estado por 16 anos, alegando falta de espaço na decisões. Além disso, foram responsáveis por fazerem a sigla perder a primeira eleição em Pernambuco desde 2006.
Durante os debates no segundo turno, as "ex-amigas" trocaram acusações entre si, trocaram farpas, usaram frases de efeito e colocaram de lado os anos de boa relação.
Ao acusar Raquel Lyra de oferecer merenda estragada aos estudantes da rede municipal de ensino de Caruaru quando foi prefeita, Marília disse que uma moradora da cidade do Agreste pernambucano chamou a ex-gestora de "Raquel do tapuru", em referência a supostas larvas que teriam sido encontradas nos alimentos servidos nas instituições de ensino do município.
Após afirmar que as denúncias contra a sua gestão foram julgadas improcedentes em primeira instância, Raquel declarou que Marília "mente que nem sente", e que já foi condenada nove vezes por divulgar fake news contra ela. E a relação parece mesmo que desandou de vez.
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